Conclave: Abandonar-se a Deus para escolher o sucessor de Pedro
No dia 07 de maio de 2025 iniciará o Conclave para escolher o sucessor de Pedro, aquele que será o novo Papa após os 12 anos de pontificado no amado Santo Padre Francisco, falecido recentemente no 21 de abril. O Conclave é a instituição que desde 1059 pelo Decreto In nomine Domini desenvolve um novo processo de eleição para os Papas, embora frustrado nas primeiras tentativas fixa regras estáveis para um Colégio Eleitoral, tratando de aplicar os princípios de libertas Ecclesiae (liberdade da Igreja) e a composição cada vez mais diversificada dos Cardeais da Igreja pertencentes a vários países, evitando-se a intromissão indevida dos poderes seculares (imperadores e reis) e outros interesses que poderiam macular e interferir na eleição do sucessor de Pedro.
O primeiro conclave é formalmente o de 1241, mas a indisponibilidade dos cardeais para aceitar a nova regra foi quase total. Por isso o Papa Gregório X no Concílio de Lião II em 1275 aprova a Constituição Ubi Periculum, que trata de resolver tanto a imprevisibilidade da eleição papal, eliminar as pressões e coações dos participantes, e regulamentar questões da reclusão. A palavra Conclave deriva do latim com chave (cum clavis) que determina o regime fechado no lugar escolhido para a eleição que no primeiro momento era o lugar da morte do pontífice anterior. Já outros documentos de Direito Canônico como a Ingravescentem Aetatem de 1970, a Romano pontífice Eligendo de 1975, ambas do Papa São Paulo VI.
Finalmente o Papa São João Paulo II aprovará em 1996 a Constituição Universi Dominici Gregis que com uma atualização de Bento XVI configura a atual normativa. Estas últimas determinações legislativas do século XX, regulamentam a Capela Sixtina como sede perpétua, a idade máxima dos cardeais eleitores, a democratização eclesiástica do sistema eleitoral (universalização) os escrutínios necessários bem como a maioria qualificada exigida para a eleição papal. Mas todas estas garantias procedimentais e prudenciais não seriam suficientes se ao mesmo tempo não se criasse um clima sobrenatural onde os cardeais como afirma o título desta reflexão não se abandonassem totalmente a Deus, e mais que clausurados por uma chave física mecânica ou eletrônica, permanecessem congregados e reunidos pela Chave de Davi o próprio Senhor Jesus escutando com obediência e discernimento as orientações, luzes e moções do Espírito Santo a sua Igreja e a cada cardeal eleitor.
É profundamente significativo o gesto de cada cardeal no momento de cada escrutínio, depois de ajoelhar-se diante do altar para um breve momento de oração, e de levantar-se pronúncia em latim: “Invoco como testemunha Cristo Senhor, o qual me há de julgar, que o meu voto é dado àquele que, segundo Deus, julgo ser eleito”. Permaneçamos durante o conclave como Igreja unida, orante e esperançosa, confiando que sempre o Senhor Jesus o Salvador conduzirá com sabedoria e verdade a sua amada Esposa. Deus seja louvado!
+ Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 04 de Maio de 2025