Fazer a Páscoa em tempos de Pandemia
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo de Campos (RJ)
A expressão “fazer a Páscoa” é mais abrangente que a celebração ritual, ou litúrgica, da principal solenidade dos cristãos, pois implica vivenciá-la e testemunhar as transformações desta passagem, deste glorioso acontecimento, que nos renova e nos recria, que é a Ressurreição de Cristo.
Por isso, não basta, apenas, assistir a um culto festivo, ou mesmo acompanhá-la com unção, mas trata-se de um verdadeiro encontro com o ressuscitado que quer fazer acontecer a Páscoa na nossa vida e na história que se torna iluminada e transformada com a força e esplendor de uma vida plena e resgatada.
A Páscoa não pode ficar confinada num templo, nem apenas numa comunidade eclesial, pois ela gera na humanidade e no universo inteiro uma Nova Criação. Todos os relacionamentos, estruturas e formas de convivência e organização são tocados profundamente pela alegria desta notícia, a morte não tem a última palavra e não manda mais em nós. A ressurreição é o Dia que o Senhor fez para nós e um caminho aberto ara a transformação de todas as coisas, fazendo nascer uma nova humanidade.
Estamos, nestes dias, como os apóstolos, trancados e confinados no cenáculo após a morte do crucificado, hoje com o medo da pandemia, o que é certo para cuidar e preservar nossa vida e a de todos. No entanto, a Páscoa de Jesus e a irrupção e a presença do Ressuscitado entre nós, faz surgir uma nova perspectiva para viver, servir e amar.
Fazer a Páscoa em tempos de Pandemia é deixar-se contagiar e transfigurar pela luz da ressurreição, gerando novos sentidos de comunhão, de partilha e convivialidade entre as pessoas e a própria terra e todas as criaturas, para que todas as epidemias sejam superadas, em especial a do egoísmo, do ódio e da indiferença. Deus seja louvado!