O caminho da escuta e do diálogo amoroso com Deus, os irmãos e a Terra
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos (RJ)
A Quaresma é um tempo forte da nossa fé para repensar a nossa vida e passar a limpo nossas práticas religiosas, vivenciando a travessia e libertação que nos espera na Páscoa. Este ano, com a inspiração da Campanha da Fraternidade Ecumênica, queremos mergulhar no diálogo da salvação escutando a proposta do Deus do Êxodo, da Aliança que sempre reaviva nossa liberdade para a comunhão e o serviço.
Aprender com o Pai a dialogar, a ser diálogo, ponte e canal da sua Palavra, superando os entraves e incompreensões que levaram às divisões e fraturas na Igreja e na esfera social e política, as polarizações, a intolerância e o ódio.
O Diálogo, ensinava São Paulo VI na Ecclesiam Suam, exige virtudes comprovadamente cristãs, clareza nas intenções, nos gestos e atitudes; mansidão, isto é, espírito pacífico e desarmado (não aquele da patrulha farisaica, pronta para ver os erros); confiança, vale dizer, sinceridade e cordialidade e, finalmente, prudência, o que pede de nós paciência, discrição e discernimento, o que significa uma pedagogia da esperança e da generosidade.
O Ecumenismo torna crível, e mais autêntico, o cristianismo, pois revela a Cristo, o Pastor de todos os rebanhos, que quer a unidade na reconciliação e no perdão. Nunca vamos desistir de dialogar, de acolher, de buscar o encontro, pois isto nos humaniza e nos torna pessoas abertas e podemos afirmar que, só assim, transparecemos o Deus bondoso, misericordioso e clemente.
O Diálogo Ecumênico, que é um caminho de vida, unidade e solidariedade fraterna, aproxima os três “Es” que estão profundamente interligados: o ecumenismo, a economia e a ecologia, para responder plenamente à vocação humana e cristã de imitar ao Deus do cuidado, com as pessoas, com as famílias, com todos os povos, nações e culturas, gerando uma fraternidade com tudo e com todos.
Nesta Quaresma, como propõe o Papa Francisco, vamos nos esvaziar e silenciar o apelo do bombardeio de informações que recebemos, tentaremos renunciar aos ídolos do consumo e do materialismo, para ser pobres com os pobres e, com eles, na partilha dos dons, do diálogo e da concórdia fraterna; seremos portadores da boa nova, da ternura de Jesus, a Palavra amorosa e definitiva do Pai, pois, do que estava dividido, unidade Ele faz. Deus seja louvado!