A Missão da Família e o uso de Redes Sociais em jovens e crianças

Pe. Lício de Araújo Vale – Diocese de São Miguel Paulista

Nos últimos anos, temos testemunhado um aumento significativo no uso da internet e das mídias sociais, especialmente entre jovens e crianças. A pandemia de Covid-19 intensificou ainda mais essa tendência, já que muitos estudantes foram forçados a adotar a educação on-line e a passar mais tempo conectados em suas casas. No entanto, à medida que o tempo gasto on-line aumentou, surgiram preocupações sobre o impacto negativo que essa mudança de comportamento  pode ter na saúde mental de crianças e jovens.

A internet  se tornou uma forma crucial de comunicação, entretenimento e educação. Através das redes sociais jovens e crianças buscam conexão com os amigos, compartilhamento de experiências, acesso a recursos educacionais e informações sobre os mais variados temas.

No entanto, o aumento do tempo gasto on-line também expôs esse público a uma série de desafios e riscos. As plataformas digitais podem ser um ambiente propício para o cyberbullyng, a disseminação de notícias falsas de conteúdo prejudicial, de jogos perigosos, que podem resultar em aumento da ansiedade, de sentimentos de solidão e de comportamento suicida  em crianças e adolescentes. Embora seja importante reconhecer os benefícios da conectividade on-line, também devemos estar atentos aos riscos e desafios que ela apresenta. A autolesão e o comportamento suicida são questões complexas, e é crucial abordá-las de maneira abrangente, considerando fatores individuais, familiares, sociais, culturais e estruturais.

Se usada de forma descontrolada ou abusiva a internet e as mídias sociais podem levar ao isolamento social, diminuição do rendimento escolar, dificuldades em estabelecer relações e, em casos mais graves, quando está instalada a dependência da internet, pode surgir sintomatologia ansiosa e/ou depressiva.

Segundo uma investigação britânica  feita pela Royal Society for Public Health, as redes sociais são o maior vilão da saúde mental dos jovens. A rede social está relacionada com problemas de sono, FoMo (“Fear of Missing Out” – “medo de ficar fora”, numa tradução livre para o português), bullyng, ansiedade, depressão, solidão e baixa autoestima.

O PAPEL DA FAMÍLIA

A família tem um papel importantíssimo na educação dos filhos. É a família que educa.

Um passo importante é acompanhar os conteúdos que os filhos consomem. Isso não significa que a família deve ficar o tempo todo “controlando”, mas é interessante conhecer quais são os sites e os perfis das redes sociais que fazem parte do cotidiano dos filhos.

A família também pode estimular o pensamento crítico das crianças e dos jovens, contribuindo para uma postura mais reflexiva. Isso é fundamental para que eles não recebam tudo que consomem nas redes como se fosse verdade.

Algumas atitudes dos pais ou responsáveis podem colaborar para uma relação mais sadia entre crianças e jovens e as redes sociais:

1) Muita conversa, falar de forma clara e aberta sobre o conteúdo das redes, dos jogos e dos seus riscos e perigos.

2) Alertar sobre a pressão social dos amigos e como não se deixar influenciar.

3) Evitar deixar a criança ou adolescente sozinho e trancado no quarto jogando games.

4) Criar regras para o uso seguro.

5)Utilizar ferramentas de monitoramento. O recurso é disponibilizado em configurações de sistemas operacionais, sites ou podem ser instalados por meio de aplicativos pagos ou gratuitos.

6) Mergulhar no mundo social e virtual da criança ou adolescente.

7) Conversar abertamente sobre suicídio e dar informações sobre o tema, sem idealizações. A criança e sobretudo o adolescente têm tendência a idealizar coisas. Se ele idealiza que uma pessoa que entrou no jogo on-line e se matou conseguindo assim resolver seu problema, pode achar que isso funcionará para si.

8) Se não conseguir lidar busque ajuda de um serviço ou profissional de saúde mental

A família juntamente com a escola são responsáveis pela educação midiática das crianças e adolescentes.

“A educação midiática pode ser entendida como um conjunto de competências que podem ser desenvolvidas por crianças e jovens para que sejam capazes de ler informações de forma reflexiva, produzir conteúdos com responsabilidade e, por consequência, participar ativamente da sociedade “.

Por fim, pode-se concluir que a influência da relação entre redes sociais e saúde mental depende da qualidade do conteúdo consumido e da exposição do usuário à rede. Na maioria dos casos, o consumo desenfreado provoca impactos desgastantes que exigem terapias específicas para restabelecer o equilíbrio e o bem-estar emocional e mental.

É necessário ser e estar presente na vida dos filhos desenvolvendo empatia, acolhimento, autoestima, limites, a experiência da fé em Deus e habilidades de comunicação. Lembrando que amar é também dizer não.

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