|

Acolher, proteger, promover e integrar os deslocados internos

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz – Bispo  de Campos  (RJ)

Com o tema instigante: “Forçados, como Jesus, a fugir”, o Papa Francisco compartilhou a 106º mensagem para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado. Inicia afirmando que, devido à Pandemia Mundial do COVID-19, as agendas e estruturas públicas de proteção aos migrantes e refugiados sofreram uma desatenção, apesar de que a crise sanitária viral veio a exacerbar a precariedade e os riscos desta população aumentando o volume dos deslocados internos.

Iluminados pela fuga ao Egito, para escapar de Herodes, os migrantes e deslocados internos se vêem, muitas vezes, obrigados a empreender o drama de sair de seu lugar de origem pressionados por necessidades e carências fundamentais que ameaçam gravemente a sua já precária subsistência. No relento das nossas ruas, debaixo de viadutos, ou abrigados sob as marquises, ou nos espaços públicos de praças e esplanadas, percebemos, dia a dia, o aumento da presença de pessoas deslocadas de outros lugares que, com seus olhos e gestos, nos interpelam. Já foi comentado que, para essa faixa da população, não existe isolamento social, pois não tem onde morar ou permanecer protegidos.

Se adoecem, começará o calvário de não ter acesso garantido à saúde nem ao tratamento médico, muito menos à prevenção. Diante dessa realidade crua e sem maquiagem, o Papa nos convida a levar a sério certos verbos que nos ajudarão a encontrar o Cristo migrante e sofredor nessas pessoas deslocadas e desamparadas.

Conhecer para compreender, para nos libertar de juízos inumanos e preconceituosos, aproximar-se para servir, olhar a pessoa concreta e sua dor visível, reconciliar-se para escutar, prestar atenção à narrativa e à história pessoal, coenvolver para promover, não basta dar uma quentinha ou cobertor, mas importa soerguer a dignidade da pessoa e finalmente colaborar para construir, fazendo história de salvação com eles e gerando assim um mundo hospitaleiro, solidário e fraterno.

Que São José, que protegeu a Sagrada Família, e na experiência da fuga e do desterro, nos ajude a acolher, proteger, promover e integrar estes irmãos deslocados e tão seriamente ameaçados na sua sobrevivência. Deus seja louvado!

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *