Carnaval: alegria, congraçamento e cuidado

Após a pandemia, teremos o primeiro carnaval aberto à presencialidade e  participação das multidões. Assim, como em 1922, houve, no mundo inteiro, uma irrupção de entusiasmo e necessidade de celebrar a vida depois de passar pela gripe  espanhola, sentimos, talvez nesta conjuntura de ansiedade, divisão, polarização e  fechamento que afeta o Brasil, e grande parte da humanidade, a vontade de festejar, de  extravasar com alegria, o fato de estar vivos e expressar com a ginga do samba, os  enredos e o próprio encanto do carnaval a participação desta festa. Todos sabemos da  origem cristã do carnaval, implícito no seu nome latino (a carne vale), que significa que, antes de entrarmos na austeridade penitente do retiro quaresmal, podemos manifestar, com espontaneidade e descontração, o sentido da festa.

O cristianismo, longe de ser uma religião triste e rigorosa, vivencia e testemunha, com entusiasmo e vibração, à luz Pascal da ressurreição, e todo encontro em que se celebre a vida, a esperança, a  gratuidade e misericórdia do Bom Deus; estamos, com otimismo cristão, suspirando  pelo grandioso banquete do Reino prometido pelo Senhor. Nossa presença entre, e como carnavalescos, é dar esse sentido que ultrapassa o espetáculo midiático do carnaval, para fraternizar com simplicidade e alegria a perspectiva esperançosa de uma vida mais plena e inteira.

Nas baterias das escolas e das marchinhas carnavalescas bate, no coração, o desejo de superar as fraturas e contradições da nossa existência, para  construir, juntos, uma convivialidade fraterna e reconciliada. Estaremos, também, intercedendo, rezando e acompanhando, como anjos do cuidado e da solidariedade  amorosa, ajudando a criar um clima de respeito fraterno e auxiliando a lembrar dos  protocolos de saúde, valorização da vida e dignidade de todas as pessoas. Que o Deus da vida e fonte da alegria plena e verdadeira, que ninguém pode tirar-nos, nos ilumine  e acompanhe para sempre darmos razão de nossa esperança e da festa que não tem  fim!

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

Campos dos Goytacazes, 19 de Fevereiro de 2023.

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *