Comunidade Quilombola de Feira de Santana terá Paróquia

Num ambiente marcado pela resistência no Município de Feira de Santana (BA) a comunidade quilombola Matinha dos Pretos sediará a primeira paróquia do Brasil numa região de resistência negra. Será criada no dia 28 de novembro e a sede será a Igreja São Roque, nazona rural e será formada por 13 comunidades na área pastoral com uma trajetória histórica marcada pela luta pela Terra.

Ricardo Gomes – Jornalista

A Comunidade quilombola Matinha dos Pretos na Arquidiocese de Feira de Santana (BA) será criada no dia 28 a Paróquia São Roque, com uma história de mais de 100 anos de lutas e resistência. A nova paróquia será a primeira no Brasil e tem seu território da Paróquia São Jose das Itapororocas. E terá um território formado por 13 comunidades na área pastoral com uma trajetória histórica marcada pela luta pela Terra.

Uma comunidade com uma história iniciada com o Quilombo da Matinha dos Pretos. Surgiu com os escravos que fugiam da Senzala da Fazenda Candeal e iniciaram um lugar para resistir a escravidão e com a fé de uma moradora que decide pagar uma promessa a São Roque pedindo que a Peste Bubônica não chegasse a comunidade e com o pedido atendido comprou a imagem e iniciou a construção da capela dedicada ao santo.

Da fé a construção da comunidade

Antônia Almeida apelidada por Antônia Firme, pagou a promessa comprando a imagem e implantando um cruzeiro e começou a devoção, os atos religiosos, missas, novenas via-sacra, oficio de nossa senhora e catequese.

– Atualmente a Comunidade além dos trabalhos religiosos vem trabalhando o social com grupos de associações lutando por melhoria dos seus moradores e vizinhanças (comunidades circunvizinhas) outras atividades e costumes foram os trabalhos solidários entre amigos com as culturas existentes. Com a Criação da Paroquia, seremos comunidade sede que com as outras possamos fortalecer a Missão evangelizadora e social. – relata Maria das Neves das Virgens Oliveira.

A criação da Paróquia São Roque representa a presença da igreja numa região marcada pela luta e resistência. Desde a construção da igreja a luta para a sobrevivência no cultivo da terra produzindo produtos agrícolas. Um sonho e uma conquista para Maria das Neves das Virgens Oliveira que conta um pouco dessa epopeia de conquistas.

– A criação da paróquia para nós moradores de comunidades quilombola representa o momento de expectativas e desafios pelo novo, mas não diferente, mas uma forma de evangelização tentando recuperar as expressões culturais do povo quilombola com sua diversidade cultural, religiosa, do jeito de ser e de produzir e uma expectativa da igreja agregar tudo isso. – revela Maria das Neves.

Maria das Neves destaca o desafio de trazer o evangelho para a vida e recuperar as expressões culturais do povo negro de manifestar a sua fé, através dos elementos da cultura a identidade e com o apoio da Pastoral Afro-brasileira.

Na opinião do Missionário da Consolata, Pe. Luis Antônio, que está assumindo a nova paróquia com uma presença da igreja numa comunidade quilombola sendo a primeira no Brasil. O sacerdote teve a sua formação teológica no Quênia, na África, atuando como Diácono em Uganda e depois da ordenação sacerdotal teve uma experiencia em Luanda, como primeira missão.

“Os valores tradicionais da cultura africana ainda não é bem vistos e o desafio é trabalhar com o povo que se sinta orgulhoso da cultura e recordar aqueles que lutaram pela libertação dos negros. Nesse momento inicial vamos mais aprender com eles, e vamos acompanhar e formar uma rede de comunidades. E necessário estar na comunidade para acompanhar as lutas do povo, seus anseios. Nesse caso da Matinha são muitas as dificuldades como transporte público. Pe. Luiz Antônio – Missionário Consolata.

-Assumindo essa missão na Comunidade Quilombola Matinha dos Pretos reconhecida na Paróquia São Roque com um tom muito forte da africanidade, essa minha experiencia na África de muita importância. Na África vi muitos valores que a cultura brasileira aos poucos vai se perdendo com a acolhida, da alegria que é muito presente nas terras africanas e no Brasil com o passar dos tempos esses valores se perdem e nessa comunidade paroquial vamos tentar resgatar. Já estamos em duas comunidades quilombolas reconhecidas. Um grande desafio é uma comunidade rural e por estar muito próxima da cidade e sofre as influências do meio urbano, como a violência que vai chegando, a insegurança, desemprego e a maioria das pessoas passam a trabalhar na cidade e o campo fica um pouco esquecido.

Cuidar da Terra

A agricultura está na base da economia da comunidade quilombola. Produzem o milho, feijão e a mandioca, lavouras de subsistência. Com esse trabalho ajuda a geração de renda e a permanência das mulheres no cultivo da terra. Preservar a cultura ancestral.

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