Espiritualidade: Monge da Comunidade Nossa Senhora da Ternura reflete sobre as práticas quaresmais e a conversão pessoal

Dom Bernardo MariaManfredo, da Comunidade Monástica Nossa Senhora da Ternura, Diocese de Campos chama a atenção para a importância da conversão no tempo da quaresma e das práticas da jejum, da caridade e da oração preparando para a celebração da Páscoa.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

“Unamos cada dia nosso jejum ao de Cristo, Nosso Senhor, em testemunho da nossa obediência à Igreja, Nossa Mãe, do nosso agradecimento por tantos benefícios, para expiação dos nossos pecados e dos de nossos irmãos, para alívio das almas do Purgatório, e para alcançar a graça de livrarmo-nos de tal pecado e praticar tal virtude”. – Dom Bernardo Maria Manfredo – Comunidade Monástica N S da Tremura.

Dom Bernardo de MariaManfredo adverte para a vivencia da oração, jejum, penitencia e a  no tempo da Quaresma, e da necessidade da conversão para a vivencia da espiritualidade e da preparação para a Celebração da Páscoa. Segundo o monge os católicos devem aproveitar esse tempo para a busca do sagrado e de mudanças de vida buscando o Evangelho e os exemplos de Cristo, que doou a sua vida na Cruz para resgatar a humanidade.

– A Quaresma é um tempo privilegiado de 46 dias (Quarta de Cinzas até o Domingo de Páscoa), em que todos os cristãos são chamados a viverem a experiencia do jejum, da caridade e da oração.Afirmam os Santos Padres (Cornélio a Lápide, S. Roberto Bellarmino…), que foi a Quaresma uma instituição dos Apóstolos, para honrarmos e imitarmos o jejum de Cristo Nosso Senhor, satisfazermos à Justiça Divina ultrajada e assim, preparar-nos dignamente para celebrar a Páscoa. –recorda Dom Bernardo

Dom Bernardo chama a atenção para que nesse tempo sagrado, substituindo a igreja o luto às profanas alegrias, bradando a Deus a implorar o seu auxílio, a pedi-lhe a conversão dos pecadores, exorta como e obriga, a entrar em contas consigo mesmo.

– Façamos-lhe a vontade, compramos com o preceito do jejum e juntemos a essa penitência exterior a do coração, sondando o abismo da nossa consciência, lavando os pecados nas lágrimas da compunção e no sangue de Cristo, frequentando mais os sacramentos, participando da missa todas as vezes que pudermos, apliquemo-nos a leitura espiritual, a oração, a consideração das verdades eternas, a prática das boas obras, façamos esmola mais generosas, sirvam as nossas privações para sustento do pobre. Desta sorte apagaremos nestes dias de salvação nossas culpas passadas e fortalecer-nos-emos contra as tentações futuras. – diz

“ Foi religiosamente praticado este jejum desde os tempos dos apóstolos. Que vergonha para a nossa tibieza e covardia a Piedade e rigor dos primeiros cristão! Privavam se, não apenas da carne, como de muitos outros alimentos; era depois das vésperas a única refeição do dia; comiam só para não morrer, sem tantas sensualidades. Só nos princípios do século XIII consentiu a igreja que adiantassem até o meio-dia a refeição da tarde. Asseveram São Bernardo e Pedro Blezense[1] como jejuavam os fiéis até a boca da noite:” – Dom Bernardo Maria Manfedo- Comunidade Monástica N S da Tremura.

Dom Bernardo chama a atenção para a Quaresma como um tempo muito precioso. A Quaresma é uma grande graça de Deus. Como diz são Basílio, na homilia do quarto domingo da Quaresma, o jejum merece todos os elogios. Com efeito, ele alivia o peso da carne, dá à alma como que asas para mais facilmente elevar-se a Deus. Se não se pode prolongar por toda a vida este tempo de penitência é importante, aproveitar dele quando é oferecido.

– Pelo jejum, nos privaremos de alguma coisa. Mas é preciso saber que o jejum não consiste tão-somente na privação. Seria ruim se assim fosse: o jejum seria um fardo acabrunhante. Portanto, lembrem-se que toda virtude consiste em duas coisas: na privação e no gozo. Ora, também é assim quanto a virtude da temperança: privamos o corpo da refeição para que a alma goze de Deus. Ah! toda alma que tem amor pelo jejum compreende o que digo. –enfatiza Dom Bernardo.

Considerem também que há um grande número de pobres que se sentiram muito felizes se, a cada dia, pudessem se alimentar como nós nos alimentamos na Quaresma. Então não nos queixaremos, ao contrário, alegrar-nos-emos de poder fazer um pouco de penitência. Que nos dê a graça de suportar tudo o que o jejum possa ter de duro a natureza. ” Dom Bernardo Maria ManfredoComunidade Monástica N S da Tremura.

Dom Bernardo destaca que a Quaresma é o tempo da experiência mais viva da participação no mistério Pascal de Cristo: “participar dos sofrimentos para participar também de sua Glória” (Rm 8,17). Este é o tempo em que Cristo purifica a igreja sua esposa . As obras penitenciais são o sinal da participação no mistério de Cristo que, por causa da humanidade, se faz penitente recorrendo ao jejum no deserto. A igreja, ao começar o caminho quaresmal, está consciente que o próprio Senhor é quem dá eficácia à penitencia dos seus fiéis, motivo pelo qual a penitência adquire o valor de ação litúrgica, ou seja, ação de Cristo e da sua Igreja. É o tempo da grande convocação de todo o povo de Deus, para que se deixe purificar pelo Senhor e Salvador.

 

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