Heróis da Saúde no enfrentamento do Coronavirus
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
– Certamente a lição do Coronavirus me fez ter outro olhar sobre o paciente, pois fui contaminada e sai vitoriosa. Nunca mais serei a mesma. Fui paciente, tive medo, mas lutei e com a minha fé quero continuar na linha de frente ao combate ao Coronavirus. – Eliane Cardoso Rangel – Enfermeira.
Uma rotina marcada pela dor, cansaço, ansiedades marca o dia-a-dia de médicos, enfermeiros e profissionais da saúde no enfrentamento ao Covid 19. Tudo associado ao estresse e a questão emocional num ambiente marcado pela luta pela vida. O sentimento de impotência quando um paciente não resiste e acaba morrendo, mas a alegria e emoção quando pacientes vencem a batalha e saem curados. Neste momento tudo compensa e ajuda a dar força a que a luta continue e sigam no enfrentamento ao vírus que tem ceifado milhares de vidas.
Bispo de Campos e Referencial Nacional da Pastoral da Saúde, Dom Roberto Francisco fala da missão dos médicos, enfermeiros e profissionais de saúde neste tempo de incertezas. Dom Roberto Francisco chama a atenção para o cuidado, carinho e cuidado com os médicos enfermeiros, maqueiros, motoristas de ambulâncias e demais profissionais da Saúde.
– Pensamos nesta Pandemia que tem ceifado muitas vidas e os exemplos heróicos de doação com médicos jovens e temos visto que muitos que foram contaminados estão voltando com coragem para assumir seu posto e isso é muito edificante e um testemunho de muito valor e podemos perceber casos de pessoas que consideram seu ministério e não somente um emprego, mas vivem o modelo de uma medicina benigna e humanitária e a arte da cura integral e nos estamos num momento de muito terrorismo e o que nos dá esperança e a vitoria e que Deus abençoe a tantos médicos, enfermeiros e enfermeiras, maqueiros e funcionários que fazem a grande diferença e tornar os hospitais um Santuário da Saúde. – enfatiza Dom Roberto.
A Luta em defesa da vida
A luta na família que luta por defender a vida e a vitoria contra o Covid 19. Momentos de dor e de incerteza e a fé. Moradora da cidade de Italva no interior do Estado do Rio de Janeiro, Raquel da Silva Ribeiro de Macedo relata como tudo começou
– No dia 8 de maio fui detectada Tive uma semana muito gripada desde o dia 1 de maio e no dia 8 procurei atendimento médico porque estava com muita febre e gripe comum e os sintomas foram aparecendo com a febre e a falta de paladar e olfato e fui ficando muito fraca e muito cansaço e no primeiro teste não deu positivo e sai do isolamento retornando ao convívio com minhas duas filhas e esposo que acabaram sendo contaminados inclusive meus pais. Meu pai com 70 anos e minha mãe com doença crônica, meu esposo com problema cardíaco e as minhas filhas sendo uma de 4 anos e outra de 11 anos. A minha preocupação foi muito grande e no inicio todos fomos medicados e fizemos todos procedimento de isolamento e na família fomos seis infectados e tivemos dias muito difíceis, mas não precisamos ficar em hospital e íamos para as consultas de rotina e graças a Deus já estamos com 40 dias e há estamos curados e estamos bem e contando que vencemos o Covid 19 e fomos uma família vitoriosa porque a todo o momento Deus cuidou de nós e fizemos todos os procedimentos e todos os cuidados como uma boa alimentação e a todos que estão com essa preocupação confie em Deus que vai cuidar de todos como cuidou de minha família. – revela Raquel.
Dúvidas e incertezas : Médico no enfrentamento ao Covid fala de medo em colocar a família re risco e da missão de salvar vidas
Uma luta contra um inimigo invisível, mas de alto índice de letalidade. O médico Cardiologista e Biomédico com especialidade em Patologia Clinica e Toxicologia aplicada a Vigilância em Saúde Dr. Cristiano Rangel esta na linha de frente do enfrentamento no Estado de Minas Gerais e conta um pouco da luta e da experiência e da esperança de vencer o Covid 19. Atualmente esta trabalhando no enfrentamento do Coronavirus no município de município de Abre Campo na zona da mata mineira.
– O desconhecido gera medo e insegurança, isto é o que vivemos desde o início da pandemia declarada pela OMS e após os primeiros casos confirmados no Brasil. Passamos a lidar com um mister de sentimentos desafiadores, medo, insegurança,cansaço, incertezas em busca da recompensa da arte de curar. Medicina é ciência e arte, com este propósito de Deus que me preparei para atuar, atualmente como médico, com formação nas áreas de urgência / emergência e cardiológica. E membro do comitê de enfrentamento ao novo coronavírus do município de Abre Campo – MG, localizado na zona da mata mineira, decidido desde o início a enfrentar o inimigo até então oculto, iniciamos nossa trajetória num trabalho de treinamento e preparação de equipes de saúde e hospitais na região, onde levei informações até então conhecidas por experiências de outros países, inclusive a China, passando noites em claro adquirindo conhecimento e mesmo tendo acesso aos artigos publicados em revistas internacionais, pois o fuso horário chinês algumas notícias atualizadas por lá durante a manhã, para nós de madrugada, apenas iniciaria todo o processo de aprendizagem. – informa o médico.
Dr Cristiano Rangel atua em hospitais como medico e no auxilio a preparação dos leitos para eventuais necessidades de receber os pacientes infectados, dividindo o tempo para reuniões com poderes público estadual e municipal, plantões em unidades de emergência e de covid19, consultório, atendimentos em ambulatórios, montagem de fluxograma de hospital de campanha, acompanhamento na aquisição de materiais e insumos
– O que era teoria, tornou-se realidade no momento que atendi o primeiro caso positivo. Desafio em condensar todo conhecimento que havia adquirido em dias de estudo, em prol daquela Vida que a mim foi confiada. Ao mesmo tempo, diante tamanha exposição que estamos, nós profissionais da área da saúde, o medo em paralelo em não adquirir a doença, para não nos afastar da linha de frente no momento em que somos mais requisitados, ou melhor, não contaminar a família que ali estava me esperando após exaustivas horas de trabalho, esposa e meus dois filhos (Miguel de 7 anos e Davi de 3 anos), tudo me fez mudar a rotina desde sair até retornar à casa após os dias de trabalho, com trocas de roupas, sem contato com familiares até higienização pessoal, realização de exames de 15 em 15 dias dentre outras rotinas. – avalia.
E conclui que não esta sendo fácil, mas o que o mantêm na linha de enfrentamento é a fé e a devoção a São Francisco de Assis e Nossa Senhora Aparecida São Francisco de Assis e Nossa Senhora Aparecida neste momento tão difícil e delicado, possa trazer discernimento, paz, tranqüilidade e forças à prosperar com a cura e cuidados ao próximo. E se não fosse a família, fé, amor como base, nada disto aconteceria.
– Não está sendo nada fácil, com as graças de Deus, ainda não adquiri o vírus, apesar de todos os colegas médicos que tenho mais contato profissional, já terem testado positivo. Não creio que seja sorte, mas critérios que estou adotando na curva de aprendizagem, ao final desta trajetória poderá ter feito a diferença. Confesso que temos momentos que, devemos nos assegurar na fé e perseverança, diante tamanha exposição e riscos, infelizmente a incerteza impera em nosso pensamento já esgotado, pacientes que infelizmente vêm a óbito, o que denota em nós, uma dor do desconhecido, uma vida ceifada pelo invisível, saber reconhecer o limite do ser humano às vezes não é uma tarefa fácil. Sentimento de então, o que fazer? Continuar na batalha, de pé e lutar com todas as ferramentas possíveis e imagináveis, pois a perda de hoje será a
vitória da recuperação do amanhã. Recompensa esta que nos traz tamanha felicidade, sentimento de satisfação e de ter sido um verdadeiro guia divino ao ver pacientes prosperarem à cura, inexplicável.- revela Dr. Cristiano.