HOMILIA POR OCASIÃO DO TRÍDUO DA DIVINA MISERICÓRDIA

Quinta-feira da 8ª da Páscoa, 16 de abril de 2020.

Local: Igreja Santo Amaro em Grussaí / São João da Barra-RJ – 19h

“35. Os discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36. Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” (Lc 24, 35-36)

Iniciamos aqui em nossa Quase Paróquia o Tríduo da Divina Misericórdia. Onde há misericórdia, há paz. Os discípulos de Emaús ainda contavam a experiência ao reconhecer Jesus ao partir o pão, quando o próprio Cristo Ressuscitado apareceu a eles dizendo: “A paz esteja convosco”. Vamos entender estes dois versículos e trazê-los à nossa realidade.

Primeiro, o reconhecer Jesus ao partir o pão é sinal de fé. A saudade de receber a Eucaristia, a angústia de não poder mais entrar na Igreja na hora da missa tem comovido muitos fiéis. Aproveito para lembrar que, no passado, não muito distante, nossas Igrejas abriam suas portas as quintas-feiras para a adoração comunitária. Onde estava neste dia a grande maioria que hoje tem saudade? Quantas e quantas vezes podíamos contar nos dedos o número de fiéis presentes na adoração. Tal número aumentava um pouco quando a adoração era precedida pela santa missa. Jesus exposto para ser adorado e a Igreja com o mínimo de fiéis. Perdoem-me a sinceridade, mas não poderia omitir este comentário.

Reconhecer Jesus ao partir o pão é também procurar ir além do compromisso de preceito em estar presente na santa missa dominical. Ainda há tempo de se esforçar, expressar sua gratidão pelo dom da vida e ser um adorador nas nossas quintas-feiras (Isto, quando sairmos do isolamento social). Vamos aproveitar esta semana que antecede o domingo da Divina Misericórdia e pedir perdão ao Senhor pelas inúmeras vezes que, podíamos ter ido adorá-lo em sua presença real e O ignoramos. Olha aí o resultado. Muitos desejam adorá-lo na Igreja e recebê-Lo sacramentalmente, no entanto não é possível neste momento. Tiremos isto por lição.

Sintam-se como os discípulos de Emaús, o Senhor caminha convosco neste período de tristeza, mas continua a se revelar explicando as sagradas escrituras e em cada eucaristia celebrada. Por hora, adore-o em casa, por nossas redes sociais, mas com o coração aquecido. Tenha a quinta-feira como um dia especial que te aproxima do Ressuscitado presente na hóstia consagrada.

Segundo, a saudação de Jesus aos seus discípulos: “A paz esteja convosco”. Diante desta saudação respondemos com toda a Igreja: “O amor de Cristo nos uniu”. Os verdadeiros seguidores de Jesus são amigos da paz, desejam a paz, oferecem a paz, querem com o próximo viver em paz. Queremos viver tempos de paz, porém a paz que vem do Cristo e não como o mundo a dá. A paz desta saudação significa que está no meio de nós Aquele que nos saúda, Nosso Senhor Jesus Cristo. O profeta Isaías referindo-se a Jesus o chama de “Príncipe da paz”, cf. Is 9,5.

Quantos se limitavam a pensar que a paz seria ausência de guerra, ou desejavam a paz tendo pelo menos um dia sem precisar sair de casa. Será que ainda pensam assim? Pense em estar em paz com Deus, consigo mesmo e com o seu próximo. Paz não é sinônimo de ficar sossegado, ‘ocupado’ pelo ócio sem ter o que fazer. A paz que me refiro é ter confiança no Cristo que já está agindo, é não se enlouquecer afirmando que Deus está distante e não se preocupa com o que está acontecendo no mundo. Esta paz é a certeza daqueles que cremos que Cristo está no meio de nós.

Enfim, peçamos ao Senhor que experimentemos esta paz e sejamos envolvidos nos raios da sua divina misericórdia.

Eis o que disse Jesus à Santa Faustina: “Que toda alma glorifica a Minha bondade. Desejo a confiança das Minhas criaturas; exorta as almas a uma grande confiança na Minha inconcebível misericórdia. Que a alma fraca, pecadora, não tenha medo de se aproximar de Mim, pois, mesmo que seus pecados fossem mais numerosos que os grãos de areia da Terra, ainda assim seriam submersos no abismo da Minha misericórdia”. [Diário 1059].

Divina Misericórdia, fonte de milagres e prodígios, eu confio em Vós!

 

 Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa, Quase Pároco e pertencente ao clero da Diocese de Campos-RJ.

Posts Similares

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *