Jornalismo em tempo de Pandemia

O papel dos jornalistas na cobertura da Pandemia tornou-se um desafio constante no enfrentamento e no convívio diário com um cenário de morte. E os riscos da contaminação com o Covid 19 e a exposição às violências neste momento de dor e de perdas.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

Momentos históricos no trabalho jornalístico colocando profissionais de comunicação na linha de frente do Covid 19. A luta para registrar o fato que assusta e provoca medo e incerteza. Eleições e a angustia de conviver diariamente com um cenário de morte é um desafio que se renova a cada dia. Nas ruas jornalistas enfrentam situações nunca imaginadas. Fome, violência resultado de um ambiente hostil aos veículos de comunicação, intolerância e a exposição ao Covid.  O Bispo de Campos ((RJ), dom Roberto Francisco Ferreria Paz ressalta o papel dos jornalistas na cobertura dos fatos e de todo o compromisso de levar noticias verdadeiras que refletem o momento em que o mundo vive a Pandemia.

– É muito importante o trabalho dos jornalistas sérios trabalhando com a verdade, pois sem a verdade não temos paz e as informações necessárias para superar com êxito a Pandemia e precisamos de um jornalismo sério, investigativo e responsável e isso é necessário para a paz e a democracia. – reflete Dom Roberto Francisco.

O Jornalista Nickolas Abreu, da Intertv, emissora afiliada a Rede Globo fala das experiências neste momento histórico de uma Pandemia e das eleições municipais.  Na produção o profissional acompanha o trabalho de cobertura de casa, mas vive o dia-a-dia do movimento nas ruas. Em uma semana de redação, de repente começaram a aparecer os primeiros casos de Covid, em São Paulo, e aos poucos, foram chegando até o estado do Rio de Janeiro, que se tornou rapidamente uma das regiões com mais casos da doença. Como medida de prevenção da empresa, os produtores foram para o home office e apenas permaneceram na redação os editores e repórteres, cuidado mais que necessário para evitar aglomerações. 

– Mesmo de casa, nosso trabalho da produção não foi menos intenso, afinal, precisávamos esclarecer a população o que ainda era muito novo para todos nós. Assim, aconteceram desde os primeiros dias, muita pesquisa e apuração redobrada, para levar a informação precisa. Nosso trabalho se tornou tão importante que também fomos considerados grupo essencial, sem restrições de acesso em cidades que decretaram o lockdown (bloqueio total). Esse ato, simplesmente, a meu ver, reafirmou o quanto o jornalismo é um serviço fundamental à comunidade. Assim como o médico, o policial, o bombeiro e tantas outras profissões que se arriscam para servir às pessoas. Ainda assim, sofremos, fomos hostilizados nas ruas, mas resistimos e estamos vencendo. Infelizmente, os tempos são difíceis e a realidade dos fatos (compromisso do jornalista) costuma não ser aceita. É como alguém que venha te mostrar a realidade e você prefere não acreditar. Afinal, a realidade é dura, não é mesmo?- relata Nickolas.

Para o jornalista 2020 será um marco na história do jornalismo brasileiro. Daqueles que precisam estar registrados nos livros de História e almanaques, para não serem eternizados.  Além da Pandemia as eleições municipais e a cobertura do processo exigem compromisso com a apuração e com todos os cuidados.

– Acredito que essa pandemia e o trabalho da imprensa serão um marco. Digo isso, porque o jornalismo nunca mais será o mesmo, assim como as relações entre as pessoas. Aprendemos a ser mais cautelosos na informação e também no dia a dia quanto profissionais. As entrevistas presenciais que foram substituídas pelos vídeos e selfies e as máscaras, itens obrigatórios até mesmo durante as reportagens. Daqui pra frente, penso que será um exercício da profissão mais comprometido não só com a informação, mas com a conduta, do exercício profissional. Precisávamos disso, até mesmo para despertar o que estava tanto adormecido: o compromisso com a sociedade. – conclui o jornalista.

Matheus Andrade Berriel destaca a importância do jornalista neste momento histórico de Pandemia e da divulgação das noticias falsas. O profissional tem que ser responsável pelas noticias e o compromisso com a verdade. Matheus tem 23 anos e formou em jornalismo em 2018 e reside na cidade de São Fidelis e atualmente trabalha no Jornal Folha da Manhã.

– O jornalista exerce papel importante em toda a democracia, com função de informar corretamente os fatos e, na busca desta informação, de ser também um fiscalizador. Em tempo de pandemia, especialmente num período fortemente marcado pelas fake news, o exercício da profissão deveria ser ainda mais valorizado. Afinal, enquanto muitos tentam desinformar, é o bom jornalista quem esclarece fatos e apresenta o contraditório. Trabalhar com o jornalismo em home office tem suas peculiaridades, dificultando por exemplo a observação de certos detalhes que podem ser melhor notados presencialmente. Mas, no desafio de manter-se em contato com as fontes à distância, com o auxílio dos meios tecnológicos, quando se faz um bom trabalho, a valorização tende também a ser maior. É um trabalho digno e necessário. – revela Matheus. 

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