O sacramento do dom e da partilha

O sacramento do dom e da partilha   

    A Solenidade do Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo revela a identidade e a missão do Filho de Deus, tornar-se dom, Pão da vida, e reconciliarmos com o seu Sangue derramado.

    Esta revelação sublime precisa ser testemunhada para transformar a humanidade sedenta do amor divino. Nesta festa, percorremos as avenidas da cidade, guiados e conduzidos pelo Pastor compassivo, que dá a vida pelas suas ovelhas e por todos os rebanhos, construindo o Reino do amor e da fraternidade.

       Cristo, o Sol da justiça, ilumina com seu fulgor a nossa caminhada, a nossa busca de sentido e plenitude, a nossa saudade de permanecer sempre, como João, reclinados no seu peito e ombro amigo.

    Mas, a procissão eucarística, além de nos mostrar o Bom Pastor e Servo dos pequenos e pobres, gera um estilo de vida eucarístico, nos ensina o valor do amor ágape, da partilha, e de tornar-se dádiva para todas as pessoas e criaturas.      Um patrimônio espiritual e cultural, associado a esta festa e procissão, é a confecção de tapetes coloridos com motivos que evocam a passagem de Jesus pelas nossas estradas e a entrada jubilosa em Jerusalém.

     O material e a forma comunitária de mutirão, para prepará-los ao longo dos tempos, tecem vínculos de solidariedade e fé que, não só irmanam os cristãos, mas todos os cidadãos e transeuntes se sentem tocados por este momento de ternura e beleza que, certamente, nos mostra, também, a bondade e misericórdia do Senhor Jesus.

      Quando, em uma aldeia do Norte da África, no século XIX, um capelão ia levando o Santíssimo Sacramento a um doente, rodeado de coroinhas com velas e campainhas, um irmão muçulmano perguntou, curioso: que está acontecendo? Um cristão lhe respondeu: é o Bom Deus que está passando! O muçulmano, perplexo, disse: Eu pensei que Deus fosse onipotente, como pode estar escondido num pedacinho de pão? Novamente o cristão esclareceu e testemunhou com mansidão: Nosso Deus nos ama tanto que se fez pequeno e pobre para entrar, como alimento, dentro de nós! Somos a Igreja e o povo do Pão repartido, do Pão da igualdade, que sempre edifica no meio de uma humanidade faminta e dividida, a civilização e o reino do amor! Deus seja louvado!

 

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

 

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