O Dia da Amizade Brasil-Israel

No dia 27/02 o Senado da República aprovou o Dia da Amizade-Brasil Israel, após certa dificuldade diplomática em torno ao uso do termo holocausto, para uma situação que clama um cessar fogo e uma retomada das medidas humanitárias de assistência a população de Gaza. Neste ano junto aos exercícios quaresmais refletimos sobre a fraternidade humana e a amizade social. Por isso, nos alegramos com a amizade com o povo de Israel que vem de longa data, inclusive com reconhecimento do Estado de Israel. Ser amigo é mais exatamente a construção da amizade social, eleva o padrão de lealdades oportunistas e fechadas para ajudar a edificação de uma sociedade mundial alicerçada no diálogo, no respeito e na ternura amorosa que nos faz descobrir que todos somos irmãos. 

Minha fala não é apenas teórica ou acadêmica, pertenci e fui membro atuante do grupo de Diálogo Inter religioso de Porto Alegre por mais de 10 anos e tinha por amigos o Rabino Gherson da SIBRA e o Sr. Amahd Ali do Centro Cultural Islâmico, e posso afirmar que os tratei sempre como irmãos e aprendi muito com os dois. Quando vejo hoje tratar a questão da crise na Faixa de Gaza como se fosse um confronto de torcedores, fico muito triste porque para mim Isaac e Ismael (ascendentes de Israel e os palestinos) eram filhos de Abraão e se me considero amigo deles e fundamentalmente da sua descendência só posso colocar-me a serviço deles para sua reconciliação e paz sempre respeitando as suas identidades e valores. Não é bom amigo quem aposta na morte, no ódio e na eliminação do outro. Só no amor social e na paz existe esperança e futuro. Para encerrar esta breve consideração quero trazer à memória uma história positiva, o do grupo jovem chamado Oásis da Paz, que se reunia numa pequena aldeia a 30 km de Jerusalém e Tel Aviv, numa área pequena de 40 hectares, integrado por famílias judaicas e palestinas. 

Um dos programas mais interessantes que realizaram era quatro dias de convivência para juntos desenvolver uma consciência social e política do conflito entre palestinos e judeus. O conflito não era escondido, mas colocado no coração do diálogo. Assim era possível com humildade e abertura repensar as suas posições. No diálogo descobrimos e encontramos que somos semelhantes, que sonhamos, pensamos os mesmos ideais e percebemos que o estranhamento e acirramento se deram por fatores e condicionantes externos que podemos com a graça de Deus superar e curar. Não fomos criados para o ódio nem para matar, vamos dar chance para a paz, para o entendimento, para celebrar o Deus da vida. Deus seja louvado!

+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz

Bispo Diocesano de Campos

Campos dos Goytacazes, 10 de Março de 2024

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