Pandemia: como superar a dor da perda de uma pessoa da família

A Pandemia acarretou um clima de mortes. Uma situação que vem gerando traumas e consequências graves nas pessoas. Além das mortes pelo Covid 19, aumentou consideravelmente o número de suicídios envolvendo pessoas de todas as faixas etárias. Nesta entrevista Pe. Marcelo José, teólogo e psico-oncologista e mestre em Psicologia Social e do Desenvolvimento Humano destaca situações emblemáticas que exigem uma atenção especial da igreja.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

A Pandemia vem causando transtornos graves. As mortes causadas pelo Covid 19 abriram o debate sobre esse momento mórbido e as consequências sobre p psique das pessoas. E um fenômeno já preocupa a igreja: o suicídio envolvendo pessoas de todas as faixas etárias e condições sociais. E nesta entrevista Pe. Marcelo José, da Arquidiocese de Niterói fala da posição da igreja neste tempo marcado pela dor, sofrimento e pela morte.

Sobre o crescente número de suicídios destaca que e necessário o acolhimento das famílias desmistificando a crença distorcida de que o familiar que cometeu suicídio estaria no inferno. E buscar ouvir os familiares para perceber suas angustias e dores. Com um olhar da Psicopedagogia ajudar a contornar a situação e mostrar que devem vivenciar e perceber o olhar esperançoso da vida em Deus.

 

Na dor a solidariedade

E nestes momentos da dor a presença da igreja é muito importante. Pe. Marcelo José relata casos reais de acompanhamento na hora da perda de um familiar e os depoimentos da família de um jovem que cometeu suicídio.

“O encontro foi de muita importância para todos nós, pois o fato de perder um ente queridonessas circunstâncias (suicídio), faz com que a gente receba uma gama de informações,que muitas das vezes não são confortantes e acabam nos afligindo. O padre ressaltou afigura do Deus Misericordioso, do Deus que acolhe e não permite a extensão do sofrimento.

O Daniel estava muito doente, acometido pelo mal da depressão, ele lutou o quanto estavaao seu alcance, mas não conseguiu vencer. Essa situação foi agravada pelo usoexacerbado de medicamentos, que ocasionava em algumas situações perda de consciênciano Daniel. Com esse relato, o Padre salientou que o ato praticado nessas circunstânciaspoderia ser considerado sem culpabilidade. Diante dessa situação e por tudo o que o Danielsofreu em vida, não seria possível que o nosso Deus bondoso e misericordioso permitisseque a angústia e o sofrimento do Daniel se prolongassem. Todas essas palavras nos

fizeram sentir uma paz muito grande e ter a certeza de que o Daniel foi agraciado pelamisericórdia infinita de Deus. Agradecemos todos os dias ao nosso Deus por essa paz econforto que sentimos em nossos corações. Deus seja louvado !!!- Depoimento da família.

No serviço pastoral Pe. Marcelo José tem acompanhado pacientes oncológicos. E nestas circunstancias é preciso o cuidado com os enfermos e com os familiares. Relata o caso de uma mulher que tinha pouco tempo de vida, pois já estava tomada pelo câncer. E o sacerdote destaca que a pior coisa que tem para um paciente é tratá-lo como um doente, ou seja, como um coitado, um tadinho… tratar como igual: conversar outros assuntos menos sobre a doença, brincar, rezar, contar uma bela piada.

“Ela então ela confessou e recebeu a unção dos enfermos, onde cada um participou e recebeu a graça e a força de Deus para aquele momento…  Filhos, amigos perceberam o conforto de Deus (um olhar bioecológico da graça de Deus).  Depois os filhos vieram conversar comigo e expliquei com melhor detalhe o momento que estavam passando… pois como a mãe não podia ter a saúde, mas podia ter o cuidado, neste caso: os cuidados paliativos, que é a arte de cuidar do enfermo com mais dignidade e amor.   Rezei com eles no cantinho do hospital e perceberam a força de Deus para aquele momento difícil em suas vidas. – reflete o sacerdote.

Após o atendimento religioso e o conforto espiritual a noticia do falecimento da paciente. Numa mensagem ao sacerdote o conforto e a certeza do olhar misericordioso de Deus.

“Deus lhe abençoe e guarde.  Soube que sua mamãe fez uma bela viagem ao céu.   Naquele dia da bênção eu já tinha entregado o passaporte para o céu.  Detalhe que ela foi de primeira classe, tendo auxílio de vários anjos e de uma comissária de bordo excelente que é Nossa Senhora.  O Piloto também veio e lhe garantiu total segurança para o Reino do Pai, pois a passagem já tinha sido paga na cruz.  A Páscoa significa passagem… Da morte para a vida, da tristeza em alegria, do pecado para libertação… Aproveite bem a semana santa para ter as forças para este momento de luto… Estarei rezando por vocês. – Palavras de conforto e de força.

– Contudo, com um olhar multidisciplinar ao paciente oncológico ajuda, em muito, no manejo, e ainda mais, com os cuidados paliativos (a arte do cuidado) e a espiritualidade que dão o suporte na vida, pois a pessoa sente Deus lhe sustentando. A bioética que é a ética diante da vida, mostra que a pessoa deve ter o melhor cuidado e ter uma morte com maior dignidade. – ressalta Pe. Marcelo José.

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