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São Cristóvão e sua busca por servir ao rei mais poderoso do mundo

Seu nome era “Reprobus”, cujo significado pode ter vários sentidos, do latim é “amaldiçoado, sujeito banido da sociedade e para nós cristãos, condenado por Deus”. Seu pai era rei em Canaã e sua mãe era estéril e fez preces para engravidar. Ao nascer foi oferecido “Offerus” ao deus Apolo, adquirindo tamanho e força extraordinárias. Desta forma ficou conhecido pelos Cananeus, cuja Sagrada Escritura (Antigo Testamento) nos ensina que era um povo perverso, idólatra, descendentes de Canaã, filho de Noé e amaldiçoado por seu pai, após vê-lo embriagado, nu, não tendo o encoberto e contou este fato aos seus irmãos, cf. Gn 9,25.

Os Cananeus cf. Js. 1,3 são povos descritos como grandes e ferozes e só com a intervenção divina seriam derrotados.Assim Deus o fez ouvindo as súplicas de Moisés para chegar à Terra Prometida. Canaã hoje corresponde em parte ao atual território de Israel (Colinas de Golã), Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Síria e Líbano. Infelizmente existem áreas em conflitos bélicos.

“Reprobus” era um homem ambicioso, porém desejou encontrar o rei mais poderoso do mundo, para o servir e retornar à sua terra como rei para ser ainda o mais poderoso. Inicialmente encontrou um rei que parecia ser o mais poderoso e tornou-se seu servo. No entanto, percebeu que este tinha medo do Diabo, concluindo que deveria deixar tal rei e servir ao “Tinhoso” ou “Cabrunco”, expressão usada em Campos dos Goytacazes-RJ. Mais uma vez concluiu que este não era o mais poderoso, pois este temia a Cristo, sobretudo quando se deparava com cruzes e símbolos cristãos. Mesmo assim, em busca da verdade, obstinado a conhecer o Cristo, pois se havia considerado o Diabo o mais poderoso, Cristo seria ainda mais.

Encontrou-se com um eremita cristão que o catequizou, apresentando-o a Nosso Senhor e recebeu no batismo um novo nome, Cristóvão. Além do batismo, o eremita instrui-o à prática da caridade. Ainda no seu processo de conversão, recusou a jejuar e rezar a Nosso Senhor Jesus Cristo. Por ser um homem forte ficou encarregado e aceitou atravessar as pessoas num perigoso rio, que muitas pessoas tinham morrido ao tentar a travessia.

Para atravessar as pessoas por águas turbulentas, Cristóvão usava um cajado para se apoiar e manter o equilíbrio e certo dia, precisou atravessar uma criança, porém o rio ficou revolto e a criança tão pesada, que foi difícil chegar à outra margem. Este menino se revelou como o Cristo e o peso que experimentou foi o peso dos pecados do mundo. O menino Jesus pediu que cravasse seu cajado na terra e para sua surpresa, outro milagre, este começou a florescer e brotar folhas e frutos. Muitos se converteram após este milagre. Para Cristóvão, um cajado seco ganhando vida seria vida nova em Cristo. Este milagre foi a primeira de muitas manifestações de que Cristo estava com ele. Sua conversão estava concluída.

Inicia-se a perseguição e seu martírio e Cristo demonstra estar com ele. Remeto-me ao Rito da Comunhão em nossas Santas Missas: “Provai e vede como o Senhor é bom; feliz de quem nele encontra o seu refúgio.”. Uma vez que, não havia prática de canonizações nesta época, temos a tradição histórica do seu martírio, podendo ter sido sob ordem dos Imperadores Décio ou Diocleciano, que após várias tentativas imprecisas, culminou na sua decapitação. O primeiro Templo “Igreja”, consagrado e dedicado ao seu martírio, foi construído na Calcedônia, hoje parte de Istambul na Turquia.

Enfim, o nome Cristóvão, do grego “Cristóforos” significa aquele que carrega o Cristo. Foi o que fez ao fazer a caridade obedecendo ao eremita cristão. Um santo popular entre nós e padroeiro dos motoristas, viajantes e peregrinos. Que São Cristóvão interceda por nós!

Autor: Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa, sacerdote da Diocese de Campos-RJ.

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