Tradição e Fé: Festa do Santíssimo Salvador na Diocese de Campos adaptada a Pandemia

Diante da Pandemia a programação da 369ª Festa do Santíssimo Salvador, na cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) será realizada com todas as medidas sanitárias. As missas terão presença de fiéis de forma presencial e com número restrito a capacidade na Catedral Basílica Menor do Santíssimo Salvador. A programação cultural e esportiva será cancelada e a procissão será realizada em forma de carreata, bem como a bênção que Dom Roberto Francisco Ferreria Paz concede será realizada na porta da igreja e toda programação com transmissão pelos canais de comunicação digital da Diocese de Campos.

Ricardo Gomes – Diocese de Campos

Pelo segundo ano e com a Pandemia a Festa do Santíssimo Salvador, Padroeiro da Cidade de Campos dos Goytacazes Patrono da Diocese terá uma programação restrita as missas e cerimonias religiosas. No novenário que acontece até o dia 5 de agosto será admitida presença de fiéis respeitando a capacidade na igreja respeitando Decreto da Defesa Sanitária Municipal. O Bispo Diocesano de Campos, Dom Roberto Francisco Ferreria Paz, Referencial Nacional da Pastoral da Saúde adverte para a tradição e fé com todos cuidados para evitar a circulação do vírus.

Em 369 anos de tradição cultural e religiosa a festa deste ano terá o cancelamento de eventos culturais e esportivos que acontecem no período e a procissão será adaptada a uma carreata passando pelas ruas abençoando os fiéis de suas residências. Um momento de cuidados, mas de uma tradição e fé que continua viva na cidade. A escritora Gisele Gonçalves destaca que a Festa do Santíssimo Salvador é um marco na cultura popular e revela o sagrado e o diálogo com as tradições de fé e a cultura.

– A nossa festa tem mais de 300 anos de história e vem passando por transformações. Podemos perceber que a festa vem sofrendo grandes mudanças ao longo dos anos, pois, na época dos nossos avós, a praça era muito movimentada, existia o festival de doces, a regata, o passeio ciclístico e as apresentações das bandas. Muitos ficavam esperando as bandas musicais tocarem na festividade – a lira Apolo, Guarany, Operários Campistas, Conspiradora, entre outras. – revela Gisele.

O Jornalista Antônio Filho, da Assessoria da Diocese de Campos ressalta que a festa do Santíssimo Salvador se trata de um evento que revela muito sobre a identidade religiosa do povo campista. A celebração começou na Freguesia de São Salvador, mais tarde transformada na Vila de São Salvador de Campos e, desse 1835, na cidade de Campos dos Goytacazes. Em todo esse tempo, a comunidade sempre expôs, com orgulho, a fé pelo Cristo Salvador. O novenário abre a festa que, no dia 6 de agosto, através da procissão, mostra a beleza da manifestação do amor de um povo por seu padroeiro, com uma multidão pelas ruas da cidade, junto da imagem do Santíssimo Salvador.

Tradição e Cultura

Desde a criação da igreja em homenagem ao Santíssimo Salvador, à criação da Praça no século XIX, a festa segue como símbolo que caracteriza, historicamente, a fé e a cultura presentes na sociedade campista. Elemento passível de preservação, posto o seu caráter de registro da cultura imaterial e das tradições locais, a festa do Santíssimo Salvador é um dos elementos basilares que caracteriza o ser campista. Historiadora Rafaela Machado.

A Festa do Santíssimo Salvador guarda histórias de fé e de cultura. A presença da Igreja em Campos inicia com a chegada dos donatários da capitania e a Catedral Basílica Menor do Santíssimo Salvador é o marco oficial da criação da Diocese de Campos nos preparativos das comemorações no próximo ano do centenário. A Igreja mãe é um exemplo de resistência as transformações do espaço urbano. Desde a igreja matriz à Catedral o local bem em frente ao Rio Paraíba do Sul foi palco das mais diversas manifestações.

A Praça do Santíssimo Salvador passou por diversas transformações no seu entorno. Prédios históricos no espaço estão resistindo a modernidade. A sede do Correio, a sede do Museu de Campos, Hotel Gaspar são exemplos de preservação. Mas a Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens e a antiga Santa Casa de Misericórdia foram demolidas e a sede da Lira de Apolo continua desativada após um incêndio. Prédios que contam a história de Campos dos Goytacazes desde o início do processo com a instalação da vila até a elevação à categoria de cidade no histórico 28 de março de 1835.

Histórias que formam a memória coletiva da cidade contadas pela presença da igreja católica bem no centro urbano e um dos cartões postais. A Catedral é ainda um ponto de referência religiosa. E um lugar para as orações de todos que passam pelo Centro da Cidade onde se concentra a vida econômica e social de Campos dos Goytacazes.

– A festa do Santíssimo Salvador é, tradicionalmente, um marco na cultura campista. Celebração de fé, mas também da história que caracteriza a formação dos Campos dos Goytacazes desde os seus primeiros anos, a festa é, ainda hoje, a representação no presente das continuidades que a história permite, mesmo diante de tantas transformações – aceleradas pela globalização. Dessa forma, revivemos e damos continuidades a uma tradição iniciada ainda no período colonial, quando a vila de São Salvador era o centro da capitania da Paraíba do Sul. – destaca a Historiadora Rafaela Machado.

– Assim festejamos o padroeiro da nossa cidade, o Santíssimo Salvador, no dia seis de agosto, conforme narra o Novo Testamento como sendo a data da Transfiguração do Senhor. A festa de São Salvador, com mais de 360 anos festeja Jesus Cristo, o Salvador, a festa ao Santíssimo, àquele que no pantheon da igreja Católica está no mais alto lugar, o salvador da humanidade.

– Essa é uma festa de tradição portuguesa, implantada pelos colonizadores. Curiosamente o fundador da Vila que deu origem a cidade de Campos dos Goytacazes foi o empreendedor português Salvador Corrêa de Sá e Benevides. O nome Salvador foi muito comum em Portugal durante os séculos XV e XVI, justamente pela fé e devoção a Jesus Cristo como o Salvador. Então nada mais lógico do que o Salvador Corrêa desejar homenagear o seu santo de devoção na escolha do nome da Vila, Villa de “São Salvador” dos Campos dos Goytacazes e depois o escolhendo para seu padroeiro. – revela Sylvia Paes.

Fé e Devoção –Este ano o Decorador Salvador Marques comemora 101 anos que a família realiza 101 anos da decoração do andor e da catedral de Campos. Uma tradição que seu pai deixou para ele. Recorda como tudo iniciou na sua família e continua realizando o trabalho que faz parte de sua história de vida e se emociona ao contar sobre esse legado de fé.

– Meu avô iniciou essa tradição que, mais tarde, passou a ser mantida por meu pai e, há exatos 32 anos, está sob minha responsabilidade. Fazemos um trabalho baseado na fé e na devoção pelo Cristo Salvador, que abençoa nossa Campos, há 369 anos. Durante o ano, boa parte das flores e folhagens são cultivadas em minha propriedade, em Trajano de Moraes, justamente para apresentarmos o cenário mais belo possível, em honra ao nosso padroeiro – explica o empresário Salvador Marques.

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