Um abandono vil e silencioso
Nas festas de fim de ano, e no período das férias, acontece o ato criminoso do abandono de animais, ação que une maus tratos a crueldade de deixar indefeso e totalmente desprotegido um animal doméstico (gatos ou cachorros na grande maioria), descartando, de um jeito escondido, a quem nunca nos abandonaria. É verdade que houve, com a pandemia, um aumento de 60 % de abandonos, mas, também, é importante destacar, um aumento de 30 % de novos cuidadores, e um inúmero testemunho de pessoas que foram resgatadas, e ajudadas, no isolamento, por estes anjos de quatro patas. A Declaração Universal dos Direitos dos Animais, no art. 2º, inciso 3, afirma que: “Todos os animais têm direito à atenção, aos cuidados e proteção do homem”.
O abandono, além de atingir a integridade e vida animal, prejudica seriamente a nossa própria vida porque causa acidentes de trânsito, zoonoses, que interferem em nossa saúde, parasitas, envenenamentos e, certamente, danos morais pelo esquecimento e traição ao pacto e aliança da vida, estabelecida desde Noé, que, através da união e colaboração com estas nobres criaturas, levou a humanidade ao progresso e evolução como espécie. Por isso, a lei nacional 9605, de 12/02/1998, e 14064, de 29/09/2020, tipificam, como crime, o abandono e os maus tratos (mutilações, espancamentos, rinhas de animais, experiências antiéticas em animais, métodos que infrinjam sofrimento ou tortura). O presidente Abraham Lincoln ensinava que se pode avaliar o nível civilizatório de uma nação pela forma de tratar os animais. Ou, como defendia o célebre médico cristão Dr. Albert Schweitzer: “Precisamos de um código de ética sem fronteiras, que inclua também os animais”.
Aderindo à Campanha Dezembro Verde, repudiamos o abandono de animais e aderimos, sim, à posse responsável, consciente e amorosa destes nossos irmãos semicientes, pequenos e indefesos o que supõe cuidar da sua higiene, vacinação, alimentação, hidratação, espaço e lazer. Da forma que tratamos as criaturas, e a própria Mãe Terra, trataremos a nossos corpos, a nossos semelhantes, e ao próprio Criador, o Deus da Paz da, Vida e da Misericórdia. Que a Vida se expanda sobre toda a Terra, e o louvor de todas as criaturas chegue ao coração de Deus!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 12 de Fevereiro de 2023