Uma porta aberta que ninguém pode fechar
Pe Thiago Linhares (Diocese de Campos)
Neste tempo jubilar temos ouvido falar sobre a Abertura da Porta Santa e a passagem pela mesma. O Símbolo é muito claro: Jesus é Porta. Ele mesmo diz de si: “Eu sou a porta” (Jo10,9)
Pela Páscoa de Jesus foi aberta esta porta que da acesso ao Pai. Por esta porta que é Jesus todos podem entrar e ter acesso ao trono da graça de Deus, afim de alcançar misericórdia (Hb4,16). Pela sua morte e Ressurreição, Jesus abriu um acesso ao Pai que ninguém nunca fechará. A Porta está aberta definitivamente para todo sempre, porque esta porta não é outra coisa, senão Jesus com suas chagas abertas. Assim como o Vivente para sempre não morre mais, assim, pelo seu corpo, ferido de Amor, o acesso jamais se fechará.
A porta aberta está intimamente ligada à outras imagens bíblicas: o céu rasgado no batismo de Jesus, o véu do templo partido na sua morte, e o coração rasgado pela lança. Todas estas realidades foram rasgadas de tal forma que não se há mais como voltar a ser como antes. Assim também é a Porta Cristo uma vez aberta no Mistério da Redenção.
Se o Antigo Testamento anunciava que por esta porta só os justos entrarão (Sl 118,20), em Jesus, podemos afirmar que os pecadores injustos tiveram ingresso a ela, aliás, a Porta se abriu de modo especial para eles (Lc 5,32), e ao aceitar passar por ela os injustos são justificados, pois quem entra por esta Porta que é Jesus encontra misericórdia, perdão dos pecados e vida nova.
Só a partir desta compreensão poderemos entender, porque a Porta Santa – símbolo da Porta que é Cristo, é um convite, a quem por ela atravessar, a receber indulgência dos pecados e remissão das culpas.
É óbvio que não é uma porta material que perdoa os pecados, contudo a Igreja, que abrindo seu tesouro espiritual distribui aos que, num gesto visível de atravessar esta porta, dá possibilidade de lucrar as indulgências, já que ela é no mundo Sacramento de Salvação, instituída por Deus. Por esta passagem geográfica de travessia, aludimos àquela outra espiritual, que passamos por Cristo, e uma vez entrando por ele, temos o perdão e a reconciliação com o Pai.
Façamos esta travessia! Entremos por Cristo que é a Porta que nos dá acesso aos bens espirituais. E se ainda podemos refletir sobre algo necessário no que diz respeito a esta Porta é que não sejamos nós a colocar cancelas que impeçam os que desejam entrar. O acesso está permanentemente aberto – como diz Francisco – a todos, a todos, a todos.
Durante este Jubileu da Esperança a Porta Santa está aberta. Mas para sempre a Porta que é Cristo está escancarada e nossa esperança é saber que ninguém numa mais a fechará. Ele não contratou Porteiros!