Manjedoura, sinal de oferta da vida, de alimento partilhado e de ternura
Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos (RJ)
Natal é festa da vida, das raízes e da nossa origem, por isso importa celebrar juntos em família. Mesmo na pandemia que estamos vivendo, a festa do nascimento de Jesus nos convida a meditar sobre o significado da manjedoura, para tratar de sermos uma, acolhendo a Criança Divina em nosso coração. Para Oriente, a manjedoura era escavada nas cavernas, sendo de sólida pedra, evocando a ideia de esquife e, pela mesma razão, a ideia de oferta da vida, de tornar-se dom para os outros; em ocidente, já é frequente a forma de mesa, recordando o nome da cidade de Belém Casa do Pão, Jesus nasce para tornar-se o Pão da Vida.
Na idade média, com São Francisco, em Greccio, temos a representação mais camponesa da manjedoura, como lugar da acolhida e da ternura, onde, entre palhas, vai repousar o Menino Deus. Por isso, nesta Noite Santa, mais que viver uma festa externa, barulhenta e com muita gente, o foco estará talvez no silêncio do mistério desta noite (lembrando que o verdadeiro título da música conhecida por Noite Feliz é Noite Silenciosa), tratar de ser para os irmãos e especialmente para Jesus, uma manjedoura.
Oferecendo nossa vida aos outros, cuidando, amparando, alegrando e animando a todas as pessoas. Tornar-se pão partilhado e repartido, alimentando os irmãos e amigos com nossos melhores olhares, palavras e sentimentos.
Sendo colo e ombro amigo, confidente e acolhedor, irradiando ternura, bom humor e generosidade com os mais afastados, tristes e amargurados. O importante, no Natal de Cristo, é dar-se conta da humanidade comum, do valor e dignidade de ser gente, pois Deus se tornou pessoa humana.
A qualidade e profundidade da festa este ano estarão na simplicidade e fraternidade da nossa convivência familiar, da nossa capacidade de comunicar-nos e aceitar-nos como somos, compartilhando com alegria e sinceridade nossos dons, qualidades e bens, porque Deus Emanuel veio morar conosco, tornou-se um Deus vizinho, próximo, e amigo de todas as horas. Deus seja louvado!