Santo Amaro: tradição centenária em tempo de Pandemia
Tradição iniciada na Baixada Campista chega a Praia de Grussai, (SJB) e esta completando 100 anos de fé e devoção. Nesta edição em tempo de Pandemia, com programação restrita e pedindo a intercessão do santo pelo fim deste tempo de medos e de incertezas. Pe. Marcos Paulo Pìnali da Costa destaca a importância da fé no santo.
Ricardo Gomes – Diocese de Campos
Com 100 anos de tradição a Festa de Santo Amaro na Praia de Grussai, São João da Barra (RJ) terá programação adaptada a Pandemia. Desde a abertura com as celebrações das missas será com protocolos sanitários de distanciamento social e uso obrigatório de mascaras. Pe. Marcos Paulo Pinali da Costa destaca a tradição que começa em 1921 aconteceu a inauguração da Igreja, construída pelo Sr. Ademar Laranjeira. Por ser uma região de praia, muitos devotos que aqui estavam, tiveram a necessidade de celebrar Santo Amaro, em pleno mês de janeiro, uma vez que, muitos não podiam ir até a Igreja do Santo na Baixada Campista. Devotos que vinham descansar e residir, trazendo consigo a forte devoção presente na alma campista. Aqui, veraneio, fé e férias se unem de seis à quinze de janeiro desde o século passado.
– A praia como nos anos anteriores está com muitos veranistas, a cada dia nossa lista de presença para as missas vem sendo preenchida. O tema escolhido foi “Semeando a esperança de um novo tempo”. A esperança nos impulsiona, por intercessão de Santo Amaro a realizar uma modesta festa, respeitando todo o protocolo sanitário e ao mesmo tempo inovando com qualidade. Agradeço muito o trabalho e apoio da Comissão. – relata o padre.
A programação que inicia nesta quarta feira (06) terá presença de fieis, mas será transmitida pelas Mídias Sociais da Quase Paróquia de Santo Amaro. No dia 15 serão celebradas três missas e o pátio da Igreja deixará de ser estacionamento para dar lugar a cadeiras distanciadas umas das outras e será colocado telão com transmissão para facilitar a participação dos devotos.
– No dia dez de janeiro teremos pela manhã uma missa nove e dezenove horas, passeio ciclístico e batizados. Para este ano foi esculpida uma imagem do santo com cinqüenta centímetros e bem semelhante à que está no Altar, adquirida por doações dos fiéis. Será nossa imagem peregrina. Como não podemos sair em procissão, faremos um passeio automobilístico e no final da tarde do dia quinze de janeiro iremos até o Hospital de Campanha na sede do município. – informa.
Na abertura da programação serão distribuídas sementes de girassol que serão abençoadas e representando sinal de esperança diante da Pandemia. No dia da festa a imagem peregrina visitara o Hospital de Campanha de combate ao Coronavirus.
– Como monge beneditino, certamente Santo Amaro lavrou a terra e dela tirava frutos para o alimento diário para si, seus irmãos e os pobres que procuravam o mosteiro. Este gesto simbólico de plantar sementes de girassol nos recorda também que devemos cuidar da terra. Ao celebrar nosso centenário em plena pandemia, queremos aprender que a vida humana está acima do lucro, rezar pelos que morreram pedir a cura dos infectados e esperar um novo tempo, por intercessão de Santo Amaro. – conclui Pe Marcos.
O Bispo Diocesano de Campos, Dom Roberto Francisco destaca que as tradições vivas devem sempre ser comunicadas com cuidado para respeitar valores, raízes e inspiração. A esse cuidado com a integridade e fidelidade a memória. , devemos acrescentar este ano as disciplinas e protocolos sanitários evitando que aquilo que merece ser celebrado não se torne foco de contaminação.
– Grussai festejará seu passado de Balneário popular, alegre e dinâmica oportunizando lazer, descanso e sendo lugar de turismo. A igreja soube acompanhar o crescimento e hoje uma Quase Paróquia aponta para um futuro alviçareiro de uma Igreja em saída, solidária com o sofrimento na pandemia mas que quer navegar com seu povo para águas mais profundas. – pontua Dom Roberto.
Tradição dos monges beneditinos
Com a chegada dos monges beneditinos a Campos em 1648 inicia na Baixada Campista a devoção a Santo Amaro e a tradição de 288 anos se irradia a outras comunidades que festejam o santo de origem italiana e um dos primeiros discípulos de São Bento. Da Baixada Campista a devoção chega a São João da Barra e festejado nas praias de Açu e Grussai onde foram construídas as capelas.
Em Campos a devoção começa a se expandir com a construção da igreja no Distrito de Santo Amaro. Primeiro uma pequena capela de 1733- 36 até chegar a atual igreja concluída em 1857. A festa se tornou uma das referencias no município e do calendário religioso do Estado do Rio de Janeiro com as tradições religiosas e populares. Uma das mais expressivas festas religiosas este ano com programação adaptada a Pandemia e com todos os protocolos sanitários.
– A festa tradicional de Santo Amaro que reúne lideranças políticas e religiosas sendo parte do calendário oficial do Estado do Rio de Janeiro este ano em plena Pandemia nos somos convidados ao cuidado e a manter os protocolos da Vigilância Sanitária e por isso a festa social que tem esse lado cultural da cavalhada, uma tradição centenária com raízes nas lutas medievais com a inspiração da Contra Cruzada este ano não será realizado. Mas será festejada especialmente a parte religiosa com as restrições de 30% e distanciamento social e garantir esse clima de cuidado. – disse o bispo.