A comemoração de todos os Santos e o dia de Finados
Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa
A “Festum Omnium Sanctorum”, hoje celebrada como uma solenidade na liturgia da Igreja Católica, no dia 01 de novembro, tem seu ponto alto no ano 609 ou 610, quando o Papa Bonifácio IV sacralizou o pagão Panteão Romano. Até então, o Panteão era dedicado a todos os deuses romanos, porém, foi dedicado à Virgem Maria e todos os mártires. Sobre esta dedicação escreveu o francês Jean Markale: “Os deuses romanos cederam seu lugar aos santos da religião vitoriosa”. Em Antioquia, no primeiro domingo após a Solenidade de Pentecostes, desde o século IV, era celebrada esta festa, fechando assim o ciclo litúrgico da Páscoa. As Igrejas Católicas Oriental e Ortodoxas mantém em seus calendários esta antiga tradição. Somente no ano 835, o Papa Gregório IV declarou esta comemoração para toda a Igreja.
Há uma ligação desta solenidade com a comemoração dos fiéis defuntos a 02 de novembro. Celebravam-se os inúmeros mártires que morreram no mesmo dia e no mesmo lugar, pelo fato de adorarem Cristo Salvador e Ressuscitado. Estes são considerados santos, conforme Ap 7, 9.13-14: “9.Depois disso, vi uma grande multidão que ninguém podia contar, de toda nação, tribo, povo e língua: conservavam-se em pé diante do trono e diante do Cordeiro, de vestes brancas e palmas na mão, 13.Então, um dos Anciãos falou comigo e perguntou-me: “Esses, que estão revestidos de vestes brancas, quem são e de onde vêm?”. 14.Respondi-lhe: “Meu Senhor, tu o sabes”. E ele me disse: “Esses são os sobreviventes da grande tribulação; lavaram as suas vestes e as alvejaram no sangue do Cordeiro.”
Quanto ao “Die mortuorum fidelium”, isto é, o dia dos fiéis defuntos, ou dia de finados, oferecemos orações, sacrifícios e comunhão como uma belíssima e perfeita obra de caridade para aqueles que estão no purgatório e precisam de nós para ingressarem no céu. Assim, tornar-se-ão santos, onde intercederão por nós, habitantes deste vale de lágrimas. Lembremo-nos sempre de rezar pelas almas do purgatório que não podem fazer nada por si próprias. Ensinemos às outras gerações à fazer o mesmo. Pode ser que, depois da nossa morte, se estivermos no purgatório e alguém se lembrar de nós, com orações e missas, consigamos ir para o céu. Do contrário, estaremos sujeitos a permanecer no purgatório até a segunda vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo que virá para julgar os vivos e os mortos.
Nos ensina a doutrina da Igreja no Catecismo, nº 2013: “Os cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à santidade: Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito (Mt 5, 48). Para alcançar esta perfeição, empreguem os fiéis as forças recebidas segundo a medida em que Cristo as dá, a fim de que […] obedecendo em tudo à vontade do Pai, se consagrem com toda a alma à glória do Senhor e ao serviço do próximo. Assim crescerá em frutos abundantes a santidade do povo de Deus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a vida de tantos santos.”
O que acalenta nossos corações neste ano de 2020 é a esperança na ressurreição. Devemos encarar a irmã morte como aquela que nos permitirá contemplar Nosso Senhor Jesus Cristo face a face. Preparar para a santa morte é viver os ensinamentos cristãos com fé e não distanciar-se dos sacramentos. O desejo de ir para o céu é uma grande virtude, no entanto, não basta querer. Temos que fazer por onde. Não basta a fé, acompanha esta esplendorosa virtude as boas obras que constituem o amor a Deus e ao próximo.
Para este ano, foi sugerido que, sendo possível, não obrigatório, cada comunidade plantasse uma árvore, símbolo da vida, cujo madeiro formou-se a cruz, significando a Vitória de Cristo e nossa sobre a morte.
Muitos têm o costume de ir ao cemitério, ir à missa e colocar intenções pelos fieis falecidos. Tudo isto é muito louvável. A Igreja oferece a indulgência plenária que vai do dia 1º até o dia 8 de novembro. Neste ano, em função da Pandemia, o Papa Francisco estendeu a indulgência por todo este mês de novembro. Assim, não é necessário querer fazer tudo e apenas no dia 02, dia de finados.
Para se lucrar Indulgência Plenária (só aplicada aos defuntos), neste período, seguimos as condições costumeiras: Visitar o Cemitério ou aos que não irão, uma piedosa visitação à Igreja, confissão sacramental (que o fiel esteja em estado de Graça), comunhão eucarística e rezar nas intenções do Sumo Pontífice (o Papa) o Credo e um Pai Nosso, ou um Pai Nosso e uma Ave Maria, ou qualquer outra oração conforme inspirar a devoção.
Rezemos para que as almas dos fiéis defuntos pela misericórdia de Deus descansem em paz. Pedimos a todos os santos que intercedam por nós.
* Do Clero da Diocese de Campos – RJ.
parabéns quase pároco pinalli pela grande mensagem de orientação a todos nós católicos leigos, a sua benção e que continuemos nad orações diárias as quais fazemos.