Dai-nos a bênção, ó mãe querida!

Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa –  Diocese de Campos

 Nossa Senhora Aparecida. Música esta, cantada em praticamente todas as missas presididas pelo atual Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Que saudades dos tempos em que pedíamos a bênção para nossa mãe, pai e as pessoas mais velhas. Nada melhor que, uma bênção por intercessão da nossa padroeira, a Virgem da Conceição Aparecida.  

Algumas curiosidades históricas sobre nossa padroeira, não são coincidência, mas providência divina: A imagem de Nossa Senhora Aparecida é a da Imaculada Conceição. Muitos não sabem que a mesma padroeira do Brasil é a de Portugal, cuja diferença está no título devocional “Aparecida” das Águas para nós e; na data da comemoração, aqui aos 12 de outubro e em Portugal aos 8 de dezembro.  

Quanto ao dogma da Imaculada Conceição, defendendo, escreveu São Tomás de Aquino no final da sua vida, aos seus 48 anos, por volta do ano 1273: “Ipsaenimpurissimafuit et quantum ad culpam, quiaipsa virgo necoriginale, necmortalenecvenialepeccatumincurrit. [“Ela é, pois, puríssima também quanto à culpa, pois nunca incorreu em nenhum pecado, nem original, nem mortal ou venial.”].  

Era o ano de 1640 quando Portugal estava em guerra contra a Espanha e o Rei D. João IV, cujo filho herdeiro do trono, Dom Teodósio III, que tinha como título o 9º Duque de Bragança e 1º Príncipe do Brasil entre outros.  Porém teve uma morte prematura aos 19 anos, sendo sucedido por seu irmão Dom Afonso VI.  Aos 25 de março de 1646, Dom João IV proclamou solenemente que Nossa Senhora da Conceição fosse a Rainha e Padroeira de Portugal e de todos os seus territórios ultramarinos, inclusive a nossa Pátria Amada, o Brasil. Desde esta proclamação imperial, os reis de Portugal não usaram mais a coroa na cabeça e nas solenidades, portanto, ela permanecia numa almofada à direita do Rei. Tal atitude era em honra e respeito à Nossa Senhora da Conceição, cuja basílica fica em Vila Viçosa, Diocese de Évora, Portugal.  

O Brasil tornou-se independente de Portugal pelo conhecido grito do Ypiranga “Independência ou morte” do Príncipe Pedro de Alcântara, aos 7 de setembro de 1822, após ter recebido em dezembro de 1821 a ordem para que retornasse para Portugal, no entanto o senado entregou-o um documento em janeiro de 1822 com mais de 8 mil assinaturas exigindo sua permanência no Brasil.  

Aos 8 de dezembro de 1854, ou seja, 32 anos depois da independência do Brasil, pela Bula “Inefabilis Deus”, O Papa Pio IX, definiu o dogma da Imaculada Conceição de Maria. Neste ano era Imperador do Brasil Dom Pedro II, pai da Princesa Isabel, cujo pedido de beatificação foi entregue ao atual Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta em 2015. A Princesa Isabel desejava muito ser mãe e em 1868, com o seu esposo, o Conde D’Eu foi até Aparecida e ofereceu à Nossa Senhora um manto cravejado de brilhantes. O milagre aconteceu e em 1884. Com três filhos retorna à Aparecida para agradecer e ofereceu à Nossa Senhora uma coroa de ouro e diamantes, cuja peça foi utilizada 20 anos depois por ocasião da Coroação Pontifícia de Nossa Senhora.  

Aos 13 de maio de 1888, enquanto Dom Pedro II estava entre a vida e a morte em Milão, na Itália, inclusive recebendo a extrema unção, ao saber da abolição dos escravos disse:  “Demos graças a Deus. Grande povo! Grande povo!”. Aos 15 de novembro de 1989 ocorreu a Proclamação da República pelo Marechal Deodoro da Fonseca e a família imperial do Brasil foi exilada na França.  

Em 1903, os bispos brasileiros pediram ao Santo Padre, São Pio X que Nossa Senhora Aparecida fosse coroada Rainha e Padroeira do Brasil e aos 29 de dezembro do mesmo ano foi concedida. Aos 8 de setembro de 1904, solenemente foi realizada a coroação. No ano de 1930, o Papa Pio XII declarou oficialmente Nossa Senhora Aparecida Rainha e Padroeira do Brasil. 

Resumindo: O que é vontade de Nosso Senhor prevalece. Desde 1646, Nossa Senhora da Conceição é nossa Padroeira e Rainha do Brasil, no entanto a Igreja confirmou em 1903, quando já éramos independentes de Portugal, com o título de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.  

Não posso me omitir que, o Brasil também tem um padroeiro, São Pedro de Alcântara, nascido na Espanha, frade Franciscano e padroeiro da cidade imperial e catedral de Petrópolis. Nosso padroeiro foi o diretor espiritual de Santa Tereza D’Ávila (Carmelita).  

Como poderíamos imaginar que Nossa Senhora da Conceição ter sido proclamada Padroeira de Portugal e de suas terras ultramarinas, inclusive o Brasil, após uma vitória contra a Espanha; e um santo espanhol fosse vir a ser o padroeiro do Brasil? Fácil responder. A santidade ultrapassa qualquer fronteira. Nossa Igreja é Universal e Nosso Senhor Jesus Cristo é Senhor de todos.  

Em 1826, Dom Pedro I, solicitou ao Santo Padre Leão XII que o declarasse padroeiro do Brasil e o reconhecimento do Império brasileiro. Isto ocorreu aos 23 de janeiro deste ano. O Filho de Dom Pedro I recebeu o nome de Pedro de Alcantara, homônimo ao do Santo padroeiro e ao seu. Celebra-se São Pedro de Alcântara no dia 19 de outubro, ou seja, uma semana após celebrarmos Nossa Senhora da Conceição Aparecida.  

Dá-nos a bênção, o´ Mãe querida para o Brasil e interceda pela paz no mundo nestes tempos de guerras em diferentes continentes, com mortes, injustiças, pobreza e consequentemente a fome. Invocamos também a intercessão de São Pedro de Alcantara, padroeiro do Brasil.  

Marcos Paulo Pinalli da Costa, Sacerdote da Diocese de Campos, Grussaí-São João da Barra-RJ. 

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