Depois da morte, há muitas vidas
Pe. Marcelo José – Arquidiocese de Niterói
“Aconteceu que, enquanto alguns homens estavam sepultando um morto, avistaram um desses bandos: jogaram o corpo dentro do túmulo de Eliseu e partiram. O corpo tocou nos ossos de Eliseu, recobrando a vida e pôs-se de pé.” (2 Reis 13,21 – Bíblia de Jerusalém).
Com esta frase curiosa, apresento-lhes aqui a campanha de doação de órgãos que pode salvar muitas vidas e no dia 27 de setembro é o dia de conscientização da doação dos órgãos em todo Brasil.
Possamos lembrar que, neste dia, é comemorado um dos maiores santos de obras caritativas: são Vicente de Paula e que ele possa interceder por cada ação nossa caritativa, principalmente, por esta ação mediante a doação dos nossos órgãos: em vida (um rim, medula óssea, parte do fígado ou pulmão) e depois da morte (rim, coração, pâncreas, fígado, pulmão ou tecidos: córnea, pele, válvulas cardíacas, medula óssea,…).
Depois da morte, há muitas vidas.
Conforme aponta os dados do Ministério da Saúde, o Brasil é o segundo da lista de mais doadores de órgãos no mundo e foram realizados mais de 23,5 mil transplantes de órgãos pelo SUS em 2021: 4,8 mil foram transplantes de rim, 334 de coração, 84 de pulmão e dentre outros. Já no ano passado, foram realizados 22 mil transplantes dentro do território brasileiro.
E neste ano, o governo assegurou que 90% das cirurgias que foram realizadas pela rede pública nos três primeiros meses foram realizados 206 transplantes do coração (aumento de 16% em comparação ao ano passado) conforme os dados do Governo Federal.
O que pode ser feito para ser um doador de órgãos?
Primeiramente tem que expressar para a família este desejo. Comunicar a família que deseja doar os órgãos é fundamental, pois estarão conscientes de sua escolha. Porém há alguns critérios para ser um doador de órgãos como por exemplo, as pessoas com alguns tipos de câncer, doenças infecciosas incuráveis não podem realizar doações. Ou ainda, pessoas com algum quadro comprometido de um órgão não podem realizar a doação.
Há um projeto de Lei (920/21) que concede auxílio-funeral no valor de três salários mínimos e isenção de taxas em relação ao serviço funerário para a família da pessoa que tiver doado órgãos e tecidos para transplantes e com essa lei aprovada, possa incentivar mais ações caritativas em nosso Brasil.
Portanto, possamos criar a conscientização da doação de órgãos, pois é um âmbito dentro das obras de misericórdia, pois se Jesus tivesse por aqui iria nos falar no Evangelho de São Mateus 25: “Estive precisando de um órgão e me deste a vida”. E ainda mais, o catecismo da Igreja Católica nos aponta sobre a doação dos órgãos: a doação gratuita de órgãos após a morte é legítima e pode ser meritória (2301).