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Finados: A morte ou a vida eterna?

Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa, sacerdote da Diocese de Campos-RJ

Nós católicos, por ocasião do dia dos fiéis defuntos (Finados), não celebramos a morte e nem invocamos os mortos, mas rezamos por eles, especialmente às almas que estão no purgatório e sobretudo aquelas que lá estão esquecidas. Tais almas dependem unicamente de nossas orações, penitência e jejum oferecidos em seus sufrágios. A Igreja nos ensina na sétima obra de misericórdia espiritual a rezar pelos vivos e mortos.

Nossa Igreja Católica não inventou a doutrina do Purgatório que tem sua fundamentação bíblica nas palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo:“Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para não suceder que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pagado o último centavo” cf. Mt 5, 25-26.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina no número1031: “A Igreja chama Purgatório a esta purificação final dos eleitos, que é absolutamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativamente ao Purgatório sobretudo nos concílios de Florença e de Trento. A Tradição da Igreja, referindo-se a certos textos da Escriturafala dum fogo purificador: “Pelo que diz respeito a certas faltas leves, deve crer-se que existe, antes do julgamento, um fogo purificador, conforme afirma Aquele que é a verdade, quando diz que, se alguém proferir uma blasfémia contra o Espírito Santo, isso não lhe será perdoado nem neste século nem no século futuro (Mt 12, 32). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas neste mundo e outras no mundo que há-de vir.».

O que nos ensinam alguns santos sobre o purgatório? Para São Francisco de Sales: “As amarguras que experimentam são muito grandes, mas numa paz profunda e perfeita.”. São João Maria Vianney escreveu: “Se soubéssemos como é grande o poder das boas almas do Purgatório (em nosso favor) sobre o Coração de Jesus, e se soubéssemos também quantas graças poderíamos obter por intercessão delas, é certo, não seriam tão esquecidas”. São João Crisóstomo ensina-nos: “Os anjos não somente assistem ao Sacrifício da Santa Missa, senão que no fim acodem voando às portas do Purgatório a libertar às almas, às quais Deus aplica a virtude do Santo Sacrifício que se acaba de celebrar”.

Assim, o que melhor podemos oferecer às almas dos falecidos além de nossas orações e penitências é sem dúvida a intenção na Santa Missa. Não basta colocar onome nas intenções, contribuir com a espórtula, o que tem sua validade, mas se fazer presente na missa aplicada a alma pela qual se faz esta obra de misericórdia espiritual. Algo parecido em relação aos velórios, quando alguns choram, outros conversam sobre diversos assuntos; e um pouco sobre quem está sendo velado e não têm ideia de que o melhor bem aplicado ao falecido(a) seria uma oração por sua alma.

Nós católicos devemos chamar a morte de irmã e ela não é um fim, mas um meio pelo qual conquistaremos a vida ou felicidade eterna no convívio com Nosso Senhor Jesus Cristo, com os anjos e os santos.  Nosso maior desejo nesta vida deve ser o quererhabitar o Céu, nossa pátria definitiva. Deus conhece a hora de cada um de nós e ninguém morre de véspera. Peçamos a graça de não considerar a morte como um tabu, uma desgraça, algo que não se pode sequer pronunciar.Ainda que, causa a alguns dor, tristeza, angústia, medo e até mesmo podendo vir a ser um ser um gatilho para a depressão. Tive a graça em acompanhar paroquianos com tanta preocupação em perder um ente querido, sejam os avós, os pais, cônjuge ou filhos que surpreenderam com o equilíbrio emocional e espiritual nos dias subsequentes ao enterro.

Portanto, saudade sim e luto vencido, ainda que cada pessoa responda de forma diferente após a perda de um ente querido. Concluo esta reflexão citando parte da música da Ir. Míria T. Kolling, ICM que marcou minha infância quando era coroinha em Natividade-RJ: “A vida pra quem acredita/Não é passageira ilusão/E a morte se torna bendita/Porque é nossa libertação. /Nós cremos na vida eterna/E na feliz ressurreição/Quando de volta à casa paterna/Com o pai os filhos se encontrarão. /No céu não haverá tristeza/Doença, nem sombra de dor/E o prêmio da fé é a certeza/De viver feliz com o Senhor.”.

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3 Comentários

  1. Muito importante para nós católicos, mais esse veículo de evangelização, de forma explicativa e seguro, que possamos conhecer mais e mais sobre a fé que professamos para não corrermos o risco de nos perdermos á caminho do bem maior , da Santa Eucaristia e dos nossos Sacramentos.

  2. Bom dia! Que Deus tenha misericórdia de todos nós e nos abençoe! Que Deus, nosso Pai, tenha compaixão das almas do purgatório e lhes conceda a salvação! Amém ❤❤❤

  3. Bom Dia, opino para que constantemente(30 em 30 dias)divulguem uma reflexão similar para que os paroquianos que fazem leituras e acompanhamentos diversos de Nossa Igreja tenham a oportunidade de meditar um texto de excelência

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