HOMILIA: Sábado, Liturgia do 4ª Domingo da Páscoa, 02 de maio de 2020.
“Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. 9 Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10 O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. (Jo 10, 7.9-10).
Caríssimos Irmãos e irmãs, Jesus se apresenta como o Salvador, com o nome do próprio Deus, quando respondeu a Moisés dizendo se chamar “Eu sou aquele que é”. Jesus, sendo Deus, se revela o “Eu sou”. No Evangelho de hoje ele disse “Eu sou a porta das Ovelhas”.
Nós, ovelhas e pastores necessitamos passar por esta porta. Jesus é a porta que se abriu para o Paraíso, antes fechado pelo pecado original. Assim desfeita a mansão dos mortos, onde repousavam os que morreram antes de Jesus. Está bem claro no texto que não há salvação sem passar por Jesus. Esta figura da porta que salva lembra a porta da Arca feita por Noé para a salvação dos que se encontravam nela durante o tempo do dilúvio.
Devemos passar pela porta, isto significa entrar no redil que é a Igreja. Cuidado para não confundir o passar pela porta com o ficar próximo da porta, ainda que alguns centímetros. Numa maratona, será considerado como um atleta que cruzou a linha de chagada aquele que passa pela fita e embaixo de uma espécie de porta. Quantos atletas desistem antes de cruzar tal linha e bem próximos dela. Que não sejamos nós. Quando entramos pela porta nos espera a Santa Palavra e os Sacramentos, as verdes pastagens que no sustentam, a proteção contra os lobos e ladrões, que querem matar.
Jesus se apresenta como porta que ovelhas e pastores entrarão e sairão. Somos, pelo batismo chamados a evangelizar, a sair abastecidos e fortes do redil (a Igreja) com o desejo de trazer mais ovelhas perdidas, famintas e doentes. Há pastagem para todos. Também ordenou Jesus: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” (Mt 28,19). Passo pela porta que é Jesus, entro na Igreja passando a pertencer ao seu redil e saio como missionário para no mundo ser sal e luz, cf. Mt 5. 13-4.
Ao contrário do ladrão que não passa pela porta, que rouba, mata e destrói, Jesus veio para dar a vida e em abundância, cf. Jo 10,10. Não entendamos que a vida que Jesus vai nos dar será ter riqueza, poder, fama, sucesso, viver longos anos e não ficar doente. Não vamos nos iludir com a vida terrena, pois nossa pátria definitiva é o céu. Jesus não se referiu à vida terrena, que em grego seria “bios”, mas se refere à vida enquanto vida eterna, vida em Deus, traduzida do grego como “zoé”.
A vida terrena “bios”, não garante uma felicidade plena, uma alegria que não terá fim. Sem citar nomes, infelizmente seriam muitos, quantos tiveram poder, riqueza, fama e sucesso, mas nunca conseguiram alcançar a felicidade. Focaram na materialidade da “bios” e esqueceram da “zoé”, o lado espiritual. A materialidade da vida nos proporciona viver a caridade, cuja espiritualidade antecipa em nós a eternidade. Escreveu São Paulo: “Viver pra mim é Cristo, morrer pra mim é ganho”, cf. Fl 1,21. Portanto, não nos iludamos em nos apegar ao que não entrará no céu conosco. Neste mundo corrermos o risco de nos perder quando nossa falsa felicidade se basear na infelicidade do próximo.
Pe. Marcos Paulo Pinalli da Costa, Quase Pároco e pertencente ao clero da Diocese de Campos-RJ.