O novo normal! Atenção!

Pe. Douglas Alves Ponte (Reitor do Seminário São José – Arquidiocese de Niterói)

Cada vez mais, estamos ouvindo falar sobre o “novo normal”! Sem dúvida alguma, chama a atenção de todos está situação! Sobretudo, porque todos estão querendo voltar “ao normal”. Porém, depois de todo esse tempo (três meses ou mais), vamos voltar a qual normal? Voltaremos a tudo de antes e da mesma maneira? A pandemia foi, “apenas”, um “fechar para balanço”? E se foi? Nada vai mudar?

Muitos de nós já ouvimos que a humanidade não será a mesma depois da pandemia. Será? Se olharmos, atenta e profundamente, a realidade, veremos que para muitos, foi apenas uma “troca de seis por meia dúzia”, como aprendemos. O que era feito no real migrou para o virtual. Hoje, mais do que nunca, a mistura do real e do virtual é gritante!

Não tenho interesse em fazer uma análise da conjuntura, como estamos acostumados a ver e ouvir. Desejo, apenas, trazer luzes e questões para pensarmos nossa vida pós-pandemia. Isso, se já podemos falar em pós-pandemia!

A primeira coisa que chama a minha atenção é algo que aprendi com minha mãe, quando nos ensinava: “a gente só dá valor quando perde!” Quantas coisas já perdemos, mesmo que temporariamente, e será que aprendemos a valorizar e a cuidar? A pandemia nos ensinou a valorizar as pessoas, a comunidade, as relações e os encontros?

Depois, o cuidado com a nossa saúde e a saúde dos outros se resumirá aos cuidados básicos, para evitar o contágio do vírus? Será que a pandemia não está nos mostrando que ainda não aprendemos a cuidar de nós e dos outros de forma básica? Parece que esquecemos que até máquina precisa de manutenção e parada! A pandemia passará, mas o cuidado com a saúde precisa continuar. Não morremos apenas de coronavírus! Da mesma forma, nossas autoridades não podem focar seu empenho na saúde do nosso povo apenas durante a pandemia. Até porque, TODOS foram eleitos, fazendo inúmeras promessas para a saúde!

Uma terceira coisa que chama minha atenção é a necessidade do fazer! A pandemia está se esforçando para nos ensinar que o mais importante é o ser e não o fazer! Temos que fazer tudo o que estamos fazendo? No mesmo ritmo frenético? São necessárias as inúmeras postagens, lives, transmissões, reportagens etc? Sempre me lembro de Heidegger, que dizia que um dos modos inautênticos do ser (maneira de viver/ser) é o falatório. Tenho a impressão de que hoje, mais do que nunca, a internet nos prova essa verdade! É muito falatório! Como se diz, se espremer, não fica quase nada!

Como nosso tempo será aproveitado? A pandemia nos ensinou a aproveitá-lo com coisas boas? Estamos aproveitando para descansar, rezar, estudar, ler, fazer coisas prazerosas, cuidar de nós e dos outros, conversar… O isolamento social deveria ter sido vivido como uma oportunidade, que nos foi oferecida, para que entrássemos mais profundamente na relação conosco, com Deus e, só assim, com os outros!

Como a pandemia nos questionou sobre nossas relações familiares! O cuidado e a atenção para com os idosos não podem estar resumidos a esse tempo. Como dizia o Papa Francisco, não podemos esquecer dos idosos, das crianças e dos jovens! Se assim acontecer, estamos fadados ao fracasso! Nossas relações familiares foram ou deveriam ter sido totalmente repensadas! Até porque, as famílias não tinham tempo para elas mesmas, e somente para elas!

Já no nosso ambiente mais intraeclesial também aprendemos, ou deveríamos  ter aprendido, uma boa, necessária e importante lição: chega de amadorismo! Um toque de competência e profissionalismo não está contra nossa missão como Igreja! Como filhos da luz, precisamos aprender, sermos espertos, atentos e cuidadosos com as coisas de Deus! As coisas de Deus não podem ser “feitas” de qualquer jeito. O quanto a pandemia tem nos ensinado sobre nossa evolução no ser Igreja e tudo o que lhe diz respeito! Basta olharmos nossas inúmeras transmissões e lives! A Igreja nasceu em uma sociedade, vive em uma sociedade e não pode estar alheia a ela!

Que tenhamos apreendido e estejamos aprendendo com a pandemia! Que ao chegarmos, de fato, no pós-pandemia, não sejamos os mesmos e não façamos as mesmas coisas, nem da mesma forma! Podemos dizer que a pandemia tem sido como ganhar uma dúzia de limão. Muitos estão chupando-os! Outros estão espremendo uns nos outros! Nós, porém, aproveitemos para fazer uma boa limonada!

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