Todos vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,28d)

Zuleica Silvano – Religiosa Paulina e assessora no Serviço de Animação Bíblica/Paulinas 

A Comissão Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e as instituições bíblicas, entre elas, o Serviço de Animação Bíblica (SAB/Paulinas) escolheram como tema para o Mês da Bíblia de 2021 a Carta aos Gálatas e o lema “Todos vós sois um só em Cristo Jesus”, que é extraído de um hino batismal em Gl 3. Neste ano, também celebramos o jubileu de ouro (50 anos) do “Mês da Bíblia”, por isso a Carta aos Gálatas foi escolhida por ser a epístola na qual Paulo aprofunda sobre o Evangelho. Tanto o lema como o tema estão em ressonância com um dos pilares das Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2019-2023, que é o pilar da Palavra e da Iniciação à Vida Cristã.

A Igreja Católica considera setembro o Mês da Bíblia, por causa da memória litúrgica de São Jerônimo, no dia 30 de setembro. Jerônimo foi o tradutor dos originais gregos e hebraicos da Bíblia para o latim, a chamada “Bíblia Vulgata”, com Paula e Eustóquia.

A Carta aos Gálatas (Gl), no Novo Testamento (NT), faz parte das epístolas chamadas “protopaulinas”, isto é, as cartas consideradas autênticas de Paulo. Ela foi escrita, provavelmente, entre os anos 54 a 57 d.C., para a Região da Galácia, atual Turquia.

A preocupação do autor é o de superar a crise provocada pelos seguidores de Jesus Cristo vindos do judaísmo, os chamados judaizantes, ao exigirem que aqueles que aderiam a Jesus Cristo, sem pertencerem à cultura e religião judaica, passassem pela circuncisão e praticassem os mandamentos determinantes para a identidade judaica. Eles, ainda, afirmavam que Paulo não anunciava o verdadeiro Evangelho aos gentios. Apesar de não serem expressamente identificados na Carta aos Gálatas, provavelmente os judaizantes eram cristãos provenientes de Jerusalém.

A carta aos Gálatas é extremamente rica do ponto de vista teológicos e também autobiográfico. Nessa carta, Paulo traz detalhes sobre a sua experiência de Jesus Cristo na estrada de Damasco; de sua relação com Pedro e as lideranças de Jerusalém, sobre a Assembleia de Jerusalém; dos motivos de sua permanência nessa região, e outros dados sobre as comunidades primitivas. Quanto aos aspectos teológicos, além de apresentar o Messianismo de Jesus, Paulo fala sobre a justificação pela fé e não pelas obras da lei, explicita a sua concepção de Evangelho, traz vários aspectos sobre a importância do batismo, e os elementos fundamentais da ética cristã. Ao mergulharmos no estudo da Carta aos Gálatas nos deparamos com a convicção paulina de que a fé consiste em se deixar envolver pela grandeza do amor de Deus revelado no Messias Jesus e que exige de nós uma adesão consciente, que é expressa no batismo, pelo qual fazemos a experiência de participarmos do mistério pascal e sermos unidas/os a Cristo. Pelo batismo, recebemos também o Espírito Santo (Gl 4,6-7), que faz morada em nosso coração e constantemente pronuncia dentro de nós a oração do Filho Encarnado: “Abba, ó Pai”. É Ele que nos conscientiza de que somos filhas/os no Filho, pertencemos à família de Deus, e nos convoca a assumirmos nossa missão de proclamar o Evangelho. Que ao aprofundarmos os ensinamentos de Paulo, possamos ter a ousadia de anunciar o amor de Deus revelado no Messias Jesus, humanizar nossas relações, “até que Cristo seja formado em nós”.

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