CATÓLICOS, NOSSOS TEMPLOS NÃO PODEM SER ULTRAJADOS!

“Destruí este templo e eu o reconstruirei em três dias” e seu discípulo comentou: “Ele dizia isto a respeito de seu próprio corpo.”

Fábio Coelho (Díácono Permanente da Paróquia do Sagrado Coração de Jesus) 

Igreja do Rosário? Basílica de Aparecida? Paróquia do Sagrado Coração de Jesus? Sim. No entanto, Templos vivos têm nome e sobrenome e se chamam: Mariele Franco, Moïse Kabagambe, Cícero Guedes, Cacique Francisco de Souza Pereira, indígena Emyra Waiãpi, João Pedro Mattos, Ágatha Félix, Kauan Alves etc. etc. etc.

Os nossos Templos estão sendo espancados, ultrajados, escarnecidos e assassinados, todos os dias. Não podemos deixar que nossos Templos sejam invadidos em sua liberdade e em sua possibilidade de crescimento. Suas paredes, muitas das vezes, estão fracas porque não almoçaram ou porque não têm onde dormir dignamente. Não têm escola e morrem nos corredores de hospitais ou nas ruas. Fazem comida com ossos de boi descartados e crescem à mercê de milícias, tráfico de drogas e de policiais despreparados, ou ainda, não têm nem o direito de nascer, em nome da defesa do direito individual sobre o próprio corpo.

Defendamos nossa liberdade de culto, pois, aquele que se fez Eucaristia não invade corações, Ele os convida. Mas, veja só! Como a mãe do Filho Pródigo poderá se alegrar se fecharmos as portas àqueles filhos que tentam adentrar sua casa, trazendo palavras de ordem, em busca da Justiça Divina?

Ficamos escandalizados, pois, incomodam, atrapalham nossa oração, nossa comunicação com Deus e profanam o Sagrado. Não fazem silêncio!!! E, assim, repetimos o que diziam os discípulos: “mande que se calem, Senhor!” Ao invés de atender aos discípulos, o Mestre diz: “deixai-os vir a Mim” e dialoga  com o filho de Timeu: “o que queres que te faça?” Assim, o clamor do excluído é ouvido e se recupera a visão. Mais cegos que Bartimeu, certamente, estavam seus discípulos que, após a ação do Senhor, tiveram a grande oportunidade de enxergar melhor a proposta do Reino: “Deixai que venham a mim, não os impeçais!”

Não sejamos como os mestres da lei e fariseus, da época de Jesus, que foram por Ele censurados. “Vocês ficam na porta, não entram e não deixam entrar aqueles que gostariam de fazê-lo.”  Realmente, os de fora, são barulhentos, importunam nossa falsa paz, nos tiram do comodismo e da falsa fé bitolante e, ainda, nos remetem à realidade das ruas e ao confronto com nosso eu egoísta. Isto incomoda e dói!  Nessa caminhada, rumo a si e ao outro, podemos encontrar o Senhor chagado, que clama: “tenho sede!” Assim, nos abriremos para a grande cura que o Senhor quer realizar.

“Manda que se calem, Senhor!!!” Não! Gritem, pois, estamos surdos!!!

Enfim, deveríamos tê-los recebido com flores e com nosso pedido de desculpas, pois, temos dificuldades em reconhecer o Senhor que está nu, com fome e aprisionado, é espancado e morto, já agora, nos limites da cidade. Até quando precisaremos que “os de fora” gritem o evangelho para que possamos ouvir?

Que o Senhor nos mostre que nossos olhos, muitas das vezes, estão cobertos de lama! Indique-nos o Caminho para que nos lavemos na piscina do Enviado! Que permitamos que o Senhor toque nossos ouvidos e nossa boca, para que escutemos e proclamemos sua Palavra: “Efata! Abre-te”. E, assim, nos transformemos, pela renovação de nossas mentes, agora, configurados a Cristo e com o auxílio de Nossa Mãe, a Igreja! A Mãe dos Filhos Pródigos!

Amém!

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4 Comentários

  1. “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o Reino dos céus. Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar.” (Mt 23.13).

    O que vimos não foram pessoas arrependidas, “em busca de uma Justiça Divina”, mas um vereador revolucionário incitando uma militância a pregar palavras de ordem numa igreja, na presença de fiéis idosos, e as portas não lhe foram fechadas. Ou seja, erra-se gravemente em comparar os invasores aos homens que querem entrar no reino dos Céus e as pessoas contrárias a fariseus e hipócritas, que, pelo contrário, nada puderam fazer.

    Aquelas pessoas, “de fora, barulhentas”, chamaram os católicos em sua própria casa de facistas e racistas pelas mortes citadas. Assim sendo, antes de podermos encontrar o Senhor chagado clamando: “tenho sede!”(de almas, não de vingança), vemos, por caluniadores, os contraventores à sua direita e esquerda: “e os ladrões, crucificados com ele, também o ultrajavam.” (Mt 27.44).

    Percorrendo mais as Escrituras, sempre o povo que tumultua está fora da razão, injustificando mais uma vez a equiparação dos contrários à invasão com os fariseus.

    O texto parte de um ordenado. Já que estamos falando tanto da narração da paixão de Nosso Senhor, recordemos que em Mc 15.11 foram os pontífices os instigadores do povo a pedir Barrabás no lugar de Jesus; algo muito a parecer com o que esse texto propõe-nos a fazer.

    Aquelas pessoas não estavam gritando o evangelho, como o afirma. É impossível conferir razão ao ocorrido.
    Jesus não recebeu os profanadores do templo com flores, sabemos com o que ele estava em mãos.

    “Manda que se calem, Senhor!” (Nm 11.28), se referindo aos contrários à invasão, propõe-nos o autor do texto.
    Respondo-lhe: se estes se calarem, “as pedras clamarão” (Lc 19.40).

    É o que peço aos leitores. Considerai com muito cuidado qual deve ser a santidade de vossa vida e de vossa piedade (2Pd 3.11). A Palavra nos diz para sermos “pacíficos, afáveis e saber dar provas de toda mansidão para com todos os homens (Tito 3.2).
    Longe de nós, apesar de “conhecer o justo decreto de Deus que considera dignos de morte aqueles que fazem tais coisas”, não somente as praticam, como também “aplaudem os que as cometem” (Romanos 1.32).

    Olhos fixos no pobre, Nosso Senhor escondido, sem cair na tentação de difamadores, que, não nos enganemos, não herdarão o reino de Deus (1Cor 6,10).

    Examinai todas essas coisas, guardai o que é bom, segundo o dom de sabedoria que nos foi dado.

    Amém.

    Em Cristo,
    Entregue à proteção da Virgem Maria.

  2. A paz meu amigo.
    Realmente como cristãos devemos ter um olhar mais atendo aos mais pobres e necessitados principalmente aos que vivem as margens da sociedade e que convivem com os preconceitos e com a frieza de muitos de nós. Porém na parte central de sua mensagem tenho que discordar, o ato não foi de pessoas barulhentas mas um ataque a nossa igreja. Dizer que devemos receber com flores aqueles que invadem nossos templos para difamar nossa fé me parece um descaso com a memória de tantos fiéis, que durante os mais de 2000 anos da história da igreja, deram suas vidas para proteger aquela que detém nossos tesouros. A perseguição não é algo novo!
    Nos tempos atuais apenas se repete aquilo que sempre ocorreu, as igrejas queimadas, profanadas, caluniada. Porém nossa geração não pode ser aquela que diante a perseguição ficará muda esperando que o divino venha tomar providências.
    Rezemos a Deus para que nos ajude a sermos mais fiéis ao evangelho e conceda aos nossos pastores a coragem para nos guiar pelo caminho da verdade.

  3. Parabéns, Fabio, pela lucidez do texto. Que deus nos dê força para defender a vida acima de tudo, inclusive da tal verdade da fé. Não há verdade maior que a dignidade humana e o amor de Deus por cada pessoa, especialmente as mais sofridas e oprimidas. Abraço. Solange.

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