O voto feminino sinal de emancipação democrática
Nestas eleições de 2022 confirmou-se a necessidade de consolidar e radicalizar a Democracia, no sentido de dar plenitude e vitalidade a partir do voto da mulher. Nessa perspectiva, no dia 03/11, a humanidade celebra a conquista do voto feminino como marco civilizatório e de efetivação dos direitos humanos. Desde 1893, na Nova Zelândia, o primeiro país a reconhecer o voto feminino, a 1933, quando Carlota Pereira Queiroz, a primeira brasileira a ser eleita deputada, percebe-se uma longa marcha de fazer valer a igualdade nos direitos civis, na qual as mulheres mostraram, não somente coragem, mas persistência e fidelidade à sua vocação e dignidade humana. Certamente, a Lei nº 9100, de 29/09/1995, garantindo quotas percentuais (20 %) nas vagas de cada partido ou coligação, conseguiu ampliar espaços e firmar indicativos de participação.
A intervenção da mulher em situação de poder deliberar, definir e decidir as políticas públicas, e legislar nas assembleias e câmaras representativas, possibilita um olhar mais abrangente, sensível e compassivo, de uma cordialidade e fineza, como diz Pascal, sentipensante, mostrando o rosto humano e solidário da economia (administração da casa). A mulher agrega uma lógica colaborativa e complementar, preocupando-se com a inclusão e a relacionalidade, não apenas com resultados imediatos. Num momento que somos convidados a reconstruir e passar a limpo o país, a presença da mulher nos postos de influência e comando da sociedade, tece e abre canais de compreensão e empatia, que agregam e tornam próximas as pessoas.
A mulher é geradora de parcerias, negociações e partilhas, preocupando-se sempre com o bem-estar e a reciprocidade. Precisamos, na atual conjuntura mundial e nacional, da intuição e imaginação criativas, da alegria inventiva e transformante, sabendo sempre que devemos pensar de modo transcendente, complementar e luminoso, assumindo uma pedagogia e metodologia sanadora e verdadeiramente emancipadora.
Deus abençoe a tantas e numerosas mulheres que tornam, não só mais belo o mundo, mas o recriam constantemente com o tempero da graça e da ternura, que aproxima, supera preconceitos e sempre perdoa e reconcilia. Paz e Bem!
+Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos
Campos dos Goytacazes, 06 de Novembro de 2022