Reconciliação entre Pascal e os Jesuítas! 

Pe. José Rafael Solano Durán – Arquidiocese de Londrina – PR

Quase quatrocentos anos depois um membro da Companhia de Jesus reconciliou-se com Blaise Pascal. 

Por mais de 25 anos venho estudando as relações entre Pascal e os Jesuítas. Nas cartas a um provincial escritas por Pascal e com elas gerando uma seria controvérsia entre Luís XIV e os Jesuítas; Pascal descreve o infortúnio de uma “moral amparada” nos conceitos dos jesuítas Casuitas em favor das depravadas atitudes do então Rei da França. 

Pascal com estas cartas além de fazer rir e criar o primeiro jornal da época recria o conceito de dois tipos de ética: a ética do coração e a ética da razão. 

Para Pascal os jesuítas defendem

O rei pois precisam de poder e numa das cartas Pascal se pergunta: “por que o rei não ri”. Que lhe falta ao monarca para ser um homem feliz? O que está por trás de tanto poder levando uma vida devassa e sem rumo? 

Já quando Pascal teria criticado os jesuítas nos seus Pensamentos  o teria feito a partir do maior de todos os paradoxos na quarta carta à um provincial: “ Monsieur. Senhor não há nada de pior do que os jesuítas estão fazendo; eles não condenam as ações do Rei pois afirmam que ele não conhece as consequências antes de cometer o erro”. Sendo assim o rei podia viver uma vida desordenada pois não tinha consciência das consequências. O século XVII deleitou-se com estas divertidas cartas que no fundo criaram uma nova forma de encarar a moral cristã. Para Pascal a maior atrocidade da vida de um ser humano consiste em não reconhecer a sua grandeza que não é outra coisa do que a sua miséria. Na ética do coração não tem lugar a simonia que Pascal condena dos jesuítas. Ele considera a  simonia um tráfico de influências infame além de um método ordinário oferecido por homens que só querem falar para aparentar mas não para viver. Entre a ética do coração e a ética da razão a única controvérsia existente é a graça que nos conduz a sermos coerentes com as nossas ações. A partir de décima primeira das cartas Pascal se dirigirá diretamente aos jesuítas questionando a ação da garça eficaz na vida dos batizados e o exercício do livre arbítrio. Pascal conseguiu manter seu pseudônimo até a metade de uma décima nona carta quando descoberto pelos jesuítas e chamado de Jansenista teve que fugir de Paris. 

Hoje o Papa Francisco nos presenteia com está belíssima carta fazendo memória de quem poderíamos dizer que além de gênio e científico é considerado um verdadeiro cristão. 

A história fez justiça caro Blaise Pascal e com estas belas Palavras o santo padre Francisco te reconhece como um homem de fé e esperança: “Pascal nunca se resignou com o fato de alguns dos seus semelhantes não só não conhecerem Jesus Cristo, mas, por preguiça ou por causa das suas paixões, desdenharem levar o Evangelho a sério. Com efeito, é em Jesus Cristo que se joga a vida deles. «A imortalidade da alma é algo que de tal maneira nos pressiona, nos toca tão profundamente, que é preciso ser totalmente insensato para não estar interessado em saber como estão as coisas. (…) E é por isso que, no âmbito daqueles que não se sentem convictos, faço uma diferença extrema entre os que trabalham com todas as suas forças para se instruir e os que vivem sem se preocupar nem pensar nisso”.

Obrigado caro Papa Francisco em nome de todos aqueles que estudiosos de Pascal recebemos este belo presente. 

Rafael Solano.

“Controvérsia entre dois tipos de ética” pontifícia Universidade Católica do Paraná.

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