As 7 Palavras de Jesus na Cruz são Atuais
Certa vez ouvi alguém dizer, “não gosto dos católicos, porque eles matam Jesus todos os anos na Semana Santa”. Fatos a considerar: Deus ao se fazer o homem, na Pessoa de Jesus Cristo, vem nos mostrar com a Vida e ensinar Seu infinito Amor (Dom) e Misericórdia (Perdão) até às últimas consequências; é na Cruz do Senhor que encontramos o verdadeiro sentido do sofrimento, em nossas vidas. O Papa Francisco confirma essa realidade, na alocução do Angelus, em 17 de março de 2024: “Dom e perdão são a essência da Glória de Deus. E são para nós o caminho da vida. Dom e perdão: critérios muito diferentes do que vemos ao nosso redor, e também em nós, quando pensamos na Glória como algo a ser recebido mais do que dado; como algo a ser possuído em vez de oferecido. Mas a glória mundana passa e não deixa alegria no coração; nem mesmo leva ao bem de todos, mas à divisão, à discórdia, à inveja”.
Diác. Adelino Barcellos Filho -Diocese de Campos / RJ.
As últimas Palavras de Jesus, vêm sintetizar tudo o que Ele viveu e ensinou, enquanto esteve conosco, há mais de dois mil anos e, hoje, atualiza, para a nossa Salvação:
1- “Pai perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem“. (Lucas 23, 34) Jesus nos adverte hoje:
“Já vos avisei tantas vezes e vós teimais em prosseguir na vossa forma de viver, sem Amor, ignorando Deus e os vossos irmãos, sem Mim“.(*)
Jesus anuncia que a Misericórdia infinita do Pai é para todos, todos os que se convertem e retornam para Ele. Este é o momento em que o Filho, traído, desrespeitado, dilacerado, pela raiva, pelo ódio e pela violência, chega ao auge de Seu Amor por nós e clama ao Pai que nos perdoe. Mesmo que o mal continue sua obra perversa, o Perdão sincero é uma atitude que justifica o Amor. Quem Ama, com o Amor de Jesus Cristo, Perdoa, sem fingimento;
2- “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no paraíso“. (Lucas 23:42-43) Jesus nos adverte hoje:
“Seja sincero e honesto contigo mesmo e Comigo, reconheça a tua fragilidade, que és pecador e necessitado do meu auxílio“. (*)
Uma atitude sincera e honesta pode resgatar uma vida. A oração que fazes, não deve ser uma simples multiplicação de palavras, mas deve ser, antes de tudo, uma atitude transformadora, a partir de ti mesmo, dia após dia. É sempre bom lembrar que, a minha condição de pecador não me dá o “direito de pecar”. O arrependimento é essencial para receber o Perdão. Assim como Perdoar é uma forma divina de Amar, pedir perdão é um jeito humano de suplicar Misericórdia, para ser Amado e para Amar de novo. Estar com Ele, no Paraíso, é refazer a Paz e o Amor Dele, dentro de cada um de nós;
3- “Mulher, este é o teu filho. Esta é a tua Mãe“. (João 19,25-27) Jesus nos adverte hoje:
“Eu quero que seja mesmo assim: Tudo quanto Eu tenho construído convosco, está no meu desígnio. Eu quero que chames a Minha Santíssima Mãe, pois tens a necessidade do Seu auxílio materno. Muito me honra, quem honra Minha Mãe e cresce na intimidade com Ela; crescer na intimidade com Ela é crescer na intimidade Comigo“. (*)
O Amor fecundo gera doação. Jesus pregado na cruz é a doação total. O Amor de Jesus não guarda mágoas, nem ressentimentos. Mesmo sobre a cruz, ainda caçoado e zombado por todos, doa-se ao extremo e Se deixa morrer: olha para Sua Mãe, único bem, que ainda não lhe fora tirado e olha para o “discípulo Amado”, certamente João, o único que restou, neste momento de Dor, da Sua tão sonhada Comunidade dos doze. Maria é o Sacramento do Filho, o sinal luminoso de Sua presença, que jamais se apagou. Maria nos dá a segurança de encontrar a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, onde quer que esteja. Onde Maria está, aí está a Única Igreja de Cristo (CIC 811);
4- “Eli, Eli, lamásabactâni” = “Meu Deus, Meu Deus, porque me abandonastes???” (Mateus 27, 46-50) Jesus nos adverte hoje:
“Grito por todos aqueles, que são perseguidos, injustiçados, assassinados nos ventres maternos (abortos), gritando no silêncio. Grito, pelos marginalizados que não têm voz, nem vez, pelos que têm fome e sede de justiça, pelos que não têm onde morar, pelos que choram a dor da solidão“. (*)
Não existe uma resposta imediata ao grito de Jesus. Assim, não existe um porquê visível, para o sofrimento do ser humano. Existe sim, a evidência de Fé, para quem contempla o crucificado; e ainda que, virá a vitória partilhada por Ele, com todo aquele que toma sua cruz e o segue com fidelidade (Lucas 9, 23);
5-“Tenho sede”. (João 19, 28) Jesus nos adverte hoje:
“Desejo a ti, construindo o Reino, que o Pai implantou, quero precisar de ti, quero precisar de ti, quero precisar de ti …, para fazer crescer a minha Igreja“. (*) Aqui estou, Senhor!
A morte de Jesus começa a sinalizar o julgamento final do homem. Mais do que a sede física, que abrasava o Seu Corpo moribundo, Jesus retoma a quarta bem aventurança proclamada por Ele: “felizes os que têm fome e sede de justiça, porque Deus os fará ficar satisfeitos” (Mateus 5, 6);
6- “Tudo está consumado“. (João 19,30) Jesus nos adverte hoje:
“Eu escandalizo ainda, àqueles que a Mim resistem, com palavras duras, eles continuam a duvidar da Minha vinda e criam obstáculos a esse povo que avança, para além das fronteiras da dúvida. Venho abrir as portas fechadas e abater os muros, que vos escravizam, como nas prisões. Eu sou a luz que irá dar a única direção que todo homem precisa seguir” ,(*) diz o Senhor, porque amanhã será demasiado tarde para escolher. A Missão de Jesus Cristo é completa e Perfeita, pois, no número 469 do Catecismo (CIC) afirma que, “a Igreja confessa que Jesus é inseparavelmente verdadeiro Deus e verdadeiro homem. É verdadeiramente o Filho de Deus feito homem, nosso irmão, e isso sem deixar de ser Deus”; São João Crisóstomo proclama e canta: “Ó Filho único e Verbo de Deus, sendo imortal Vos dignastes, para nossa Salvação, encarnar no seio da Santa Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, e sem mudança Vos fizestes homem e fostes crucificado! Ó Cristo Deus, que por Vossa morte esmagastes a morte, que sois um da Santíssima Trindade, glorificado com o Pai e o Espírito Santo, Salvai-nos!”
7- “Pai em Tuas mãos entrego o Meu Espírito“. (Lucas 23, 46) Jesus nos adverte hoje:
“Saí de Meu Pai e vim ao mundo; outra vez deixo o mundo e volto para o Pai” (*); “ainda um pouco de tempo, e já me não vereis; e depois mais um pouco de tempo, e me tornareis a ver, porque vou para junto do Pai.” (João 16, 18).
Aquele que volta ao Pai, leva consigo toda a humanidade, com o Mistério da Vida que vence a Morte, que envolve cada um de nós. Ao acolher o espírito Humano/Divino de Jesus, o Pai acolhe o espírito de todo homem e de toda mulher, que toma sua cruz e segue com fidelidade o Seu Filho. O Salmo 30, onde Jesus colhe Suas últimas palavras (30, 6), traduz o abandono total nas mãos de Deus, quando tudo parece perdido e sem sentido. Quando a opressão dos governantes e as mais diversas perseguições roubam o direito à própria Vida; esta Vida é depositada com confiança, nas mãos de Deus. O abandono nas mãos do Pai é a Salvação, para quem se sente abandonado até mesmo por Deus e pelos irmãos. O medo de Jesus é o nosso medo, a Oração de Jesus é a nossa oração e, a morte de Jesus é a nossa morte. Só assim, poderemos também exclamar, com São Paulo: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, teu ferrão?” “… Bendito seja Deus, que nos dá a vitória por Nosso Senhor Jesus Cristo”
(I Coríntios 15, 55.57).
Com o Papa Francisco e sua proposta, ficam os questionamentos e a oração, da Alocução do Angelus de 17 março 2024: “Qual é a glória que desejo para mim, para a minha vida, que sonho para o meu futuro? A de impressionar os outros pelo meu valor, pelas minhas capacidades ou pelas coisas que possuo? Ou o caminho do dom e do perdão, o de Jesus Crucificado, o Caminho de quem não se cansa de Amar, confiante de que isto testemunha Deus no mundo e faz brilhar a beleza da vida? Recordemo-nos, de fato, que quando damos e perdoamos, resplandece em nós a Glória de Deus.
Que a Virgem Maria, que seguiu com Fé Jesus na hora da Paixão, nos ajude a ser reflexos vivos do Amor de Jesus.” Que Deus, em Cristo Jesus nos abençoe sempre! Amém.
Tudo o que estiver entre aspas, com asterisco,
são Palavras atribuídas ao Senhor Jesus Cristo (*).
(CIC – Catecismo da Igreja Católica)
Diácono da Igreja Católica Apostólica Romana (Ordenado com vistas à Ordenação Sacerdotal). Pós-graduado em Gerenciamento Socioambiental Costeiro – COPPE/UFRJ. Especialista em Educ. Profissional e EJA (Educação de Jovens e Adultos, Catecumenato) IFF/RJ. Teologia – ISTARJ (Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro). Licenciatura Plena em Filosofia – PUC/MG. Professor na Formação Pedagógica de Educadores; Formação Humana de mais de 500 dentistas, na FOC – Faculdade de Odontologia de Campos/RJ; Coordenação e Docência em dois Institutos Federais (IFRJ e IFF/RJ). Atualização de estudos teológicos – ETRM/RJ (Escola Teológica RedemptorisMater). Convalidação Teológica iniciada no Centro Educacional Claretiano (com TCC defendido). Atualmente provisionado por Sua Exa. Reverendíssima Dom Roberto Francisco Ferrería Paz – Bispo da Diocese de Campos/RJ, na Paróquia São Tomé. Experiência na área de Teologia e Filosofia, Ambiente e Educação. Orientações e participações em bancas de TCC (mais de 60): Pós Graduações; Ensino Médio e Técnico.